Lucien van der Walt. “De Volta para o Futuro: a retomada e a relevância do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário para a esquerda e os movimentos de trabalhadores do século XXI”

Este artigo examina a retomada contemporânea da política e dos movimentos anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários, e a relevância da tradição de Mikhail Bakunin e Piotr Kropotkin para os movimentos de trabalhadores e a esquerda do século XXI. A crise das grandes tradições “progressistas” do final do século XX – o marxismo clássico, a socialdemocracia e o nacionalismo anti-imperialista – diante da crise econômica global, da globalização do capital, da inquietação popular, e de uma ordem geopolítica em transformação, é, fundamentalmente, uma crise de projetos construídos em torno de um Estado capacitador. Isso aponta para a necessidade de uma política de esquerda que se distancie do Estado e se expresse numa retomada dos modelos antiestatistas da política radical dos últimos 20 anos, sobretudo o anarquismo e o sindicalismo de intenção revolucionária. O movimento contemporâneo se vale de um corpo rico de teorias e de práticas anarquistas de trabalhadores, movimentos anti-imperialistas e de direitos civis, que remonta à década de 1860: até meados dos anos 1950, o anarquismo, o anarcossindicalismo e o sindicalismo revolucionário eram movimentos de massa, por vezes mais fortes que seus rivais marxistas, e novamente voltam a ter esse potencial. Este artigo delineia, por meio de uma análise teórica e histórica, as ideias centrais do anarquismo e do sindicalismo de intenção revolucionária, incluindo: a luta contra a utilização do Estado, a crítica do capitalismo e o vínculo indissociável entre Estado e capital; o argumento acerca da incompatibilidade entre o controle estatal e as formas de democracia de base; o argumento de que a recusa e os protestos são insuficientes, e que devem ser traduzidos numa capacidade popular organizada para uma ruptura decisiva e coordenada; a necessidade de construir, através de lutas imediatas e modestas, órgãos democráticos que prefigurem o contrapoder e disseminem a contracultura revolucionária, como base para essa transição rumo a um futuro justo, baseado na coletivização levada a cabo de baixo para cima; a centralidade dos sindicatos revolucionários visando ao controle dos locais de trabalho para esse projeto; sua luta em favor de uma comunidade humana universal e sem classes, baseada na propriedade comum, na distribuição comunista, na autogestão, na planificação participativa e na democracia sem Estado.

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