Organização: Felipe Corrêa

Última atualização: Outubro 2020

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO
1. ESTUDOS SOBRE “ANARQUISMO CONTEMPORÂNEO”
2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
3. PARA ENTENDER O CONTEXTO EM QUESTÃO
4. PRESENÇA GEOGRÁFICA
5. GRANDES CORRENTES E EXPRESSÕES
     5.1 ORGANIZAÇÕES DE MASSAS SINDICALISTAS
     5.2 ORGANIZAÇÕES ESPECÍFICAS FLEXÍVEIS (“SINTETISTAS”)
     5.3 ORGANIZAÇÕES ESPECÍFICAS PROGRAMÁTICAS (“PLATAFORMISTAS” / “ESPECIFISTAS”)
     5.4 INDIVÍDUOS E GRUPOS INSURRECIONALISTAS
     5.5 COLETIVOS EM SUAS DIVERSAS EXPRESSÕES
5.6 ANTIAUTORITÁRIOS E LIBERTÁRIOS EM GERAL
6. GRANDES DEBATES
7. REALIZAÇÕES NOTÁVEIS E GRANDES EPISÓDIOS
     7.1 ESFORÇOS TRANSNACIONAIS
          7.1.1 REDES, ORGANIZAÇÕES E ENCONTROS ANARCOSSINDICALISTAS E SINDICALISTAS REVOLUCIONÁRIOS
          7.1.2 REDES, ORGANIZAÇÕES E ENCONTROS ANARQUISTAS
          7.1.3 ZAPATISMO, MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA GLOBAL E CENTRO DE MÍDIA INDEPENDENTE
          7.1.4 ANTIFA, CRUZ NEGRA ANARQUISTA E BLACK BLOC
          7.1.5 PESQUISA E SUBCULTURAS URBANAS
     7.2 EUROPA OCIDENTAL E NÓRDICA
          7.2.1 FORÇA DAS ORGANIZAÇÕES SINDICALISTAS NA ESPANHA E NA SUÉCIA
          7.2.2 MOBILIZAÇÕES E GREVES CONTRA O IMPERIALISMO, O NEOLIBERALISMO E A OPRESSÃO DA MULHER NO TRIÂNGULO ESPANHA-FRANÇA-ITÁLIA
          7.2.3 PROPAGANDA ANARQUISTA NA FRANÇA, NA ITÁLIA E OUTRAS EXPERIÊNCIAS EUROPEIAS
     7.3 LESTE EUROPEU
          7.3.1 ANARCOSSINDICALISMO NA RÚSSIA E CONFLITOS FINAIS DA UNIÃO SOVIÉTICA
          7.3.2 REVOLTA DE 2008 E MOVIMENTO CONTRA A AUSTERIDADE (2010-2012) NA GRÉCIA
     7.4 AMÉRICA DO NORTE
          7.4.1 “SINDICALISMO DE SOLIDARIEDADE” E PROPAGANDA ANARQUISTA NOS ESTADOS UNIDOS E NO CANADÁ
          7.4.2 REBELIÃO DE OUTUBRO (2007) E OCUPPY WALL STREET (2011) NOS ESTADOS UNIDOS
     7.5 AMÉRICA LATINA
          7.5.1 ESPECIFISMO E SEUS DESDOBRAMENTOS NO URUGUAI, NO BRASIL E NA ARGENTINA
          7.5.2 ARGENTINAZO (2001) E PIQUETEIROS NA ARGENTINAREVOLTA DOS PINGUINS (2006), DESDOBRAMENTOS (2011-2012) E REVOLTAS DE 2019 NO CHILE
          7.5.3 COMUNA DE OAXACA (2006) NO MÉXICO E AS JORNADAS DE JUNHO (2013) NO BRASIL
     7.6 ÁFRICA SUBSAARIANA
          7.6.1 ANARCOSSINDICALISMO E SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO NA NIGÉRIA E EM SERRA LEOA
          7.6.2 PLATAFORMISMO NA ÁFRICA DO SUL E SEUS ARREDORES
     7.7 NORTE DA ÁFRICA
          7.7.1 PRIMAVERA ÁRABE E IMPACTOS NA TUNÍSIA E NO EGITO
     7.8 ORIENTE MÉDIO
          7.8.1 REVOLUÇÃO DE ROJAVA (2012 EM DIANTE) NO NORTE DA SÍRIA
          7.8.2 OUTRAS INICIATIVAS EM ISRAEL, PALESTINA, TURQUIA, LÍBANO, AFEGANISTÃO E IRÃ
     7.9 OCEANIA
          7.9.1 DISPUTA DOS BONDES (1990) NA AUSTRÁLIA E INFLUÊNCIA NO SUL E NO SUDESTE DA ÁSIA
     7.10 SUL E SUDESTE DA ÁSIA
          7.10.1 ANARCOSSSINDICALISMO EM BANGLADESH, NA INDONÉSIA E OUTRAS EXPERIÊNCIAS ASIÁTICAS
8. HISTÓRIA E TEORIA: CLASSE, ECOLOGIA, RAÇA/ETNIA, NACIONALIDADE, GÊNERO E SEXUALIDADE
     8.1 RETOMADA NA HISTORIOGRAFIA E PRESENÇA ACADÊMICA E NAS UNIVERSIDADES
     8.2 BANCOS DE DADOS, INSTITUTOS E REDES DE PESQUISA, REVISTAS E PERIÓDICOS, GRUPOS E CONFERÊNCIAS ACADÊMICAS
     8.3 PRODUÇÕES TEÓRICAS: CLASSES SOCIAIS
     8.4 PRODUÇÕES TEÓRICAS: ECOLOGIA
     8.5 PRODUÇÕES TEÓRICAS: RAÇA/ETNIA E NACIONALIDADE
     8.6 PRODUÇÕES TEÓRICAS: GÊNERO E SEXUALIDADE
     8.7 PRÁTICAS VINCULADAS A ESSAS QUESTÕES TEÓRICAS
9. OUTRAS FONTES RELEVANTES

APRESENTAÇÃO

Este dossiê foi realizado a partir de uma pesquisa de praticamente dois anos, que teve por objetivo analisar o ressurgimento do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário, que ocorreu no mundo todo entre 1990 e 2019.

A pesquisa se iniciou graças a um convite de Marcel van der Linden — membro do Instituto Internacional de História Social de Amsterdã (IIHS) — para que eu escrevesse um capítulo sobre o tema para seu livro The Cambridge History of Socialism: a global history in two volumes, que será publicado dentro de algum tempo pela editora Cambridge, em dois volumes.

Debrucei-me então sobre essa questão, enfrentando enormes desafios: compreender um objeto imenso e condensar os resultados da pesquisa num espaço restrito (e, portanto, priorizar muito bem o que entraria ou não no texto); analisar um fenômeno recente, que não conta com estudos prévios (com este enfoque recente e global com o qual trabalhei), grandes levantamentos de dados, e nem mesmo textos ou livros a respeito; pesquisar informações bastante dispersas e em variados idiomas.

Encarar esse desafio não teria sido possível sem os estudos e a militância desenvolvidos ao longo de mais de duas décadas, assim como o auxílio de diversos companheiros e companheiras, aos quais deixo meu mais profundo agradecimento. Destaco, em especial: os membros do Instituto de Teoria e História Anarquista (ITHA), tanto os coordenadores quanto os associados; os voluntários do grupo “Anarquismo/Sindicalismo Global Contemporâneo” criado no Facebook, que auxiliaram significativamente na coleta de dados; as inúmeras pessoas do Brasil e do exterior que indicaram material e/ou que responderam as dezenas de entrevistas que realizei. Agradeço também José Antonio Gutiérrez Danton, pela tradução do meu texto para o inglês e pelos comentários críticos que realizou de versões prévias do manuscrito.

Com esta pesquisa, cheguei a resultados bastante interessantes. Uma síntese deles será publicada como capítulo no referido livro, sob o título de “The Global Revival of Anarchism and Syndicalism (1990-2019)” e, dentro em breve, realizarei um curso em vídeo com os referidos resultados. Obviamente, são resultados limitados, e com possibilidades enormes de aprofundamento.

Neste dossiê, disponibilizo algumas fontes de minha pesquisa, incluindo livros, textos, sites, vídeos e entrevistas, em distintos idiomas; realizo também alguns comentários para nortear a leitura. Não se trata de uma lista completa de tudo aquilo que existe, mas de um conjunto de fontes por meio do qual creio ser possível entender o anarquismo contemporâneo. Isso permitirá não apenas um conhecimento mais aprofundado do tema, mas também que outros pesquisadores usufruam desse material para novas investigações.

Para eventuais correções ou sugestões de materiais importantes sobre os assuntos discutidos, peço que me escrevam em felipecorreapedro@gmail.com.

Boa leitura!

Felipe Corrêa, 2020


1. ESTUDOS SOBRE “ANARQUISMO CONTEMPORÂNEO”

newanarch

O tema “anarquismo contemporâneo” não conta com grandes estudos, especialmente quando se leva em conta a abordagem histórica e global que entendo ser a mais adequada para pesquisas desse tipo. A maioria dos estudos de tal tema vem sendo produzida por autores oriundos/influenciados pelo Movimento de Resistência Global (ou “movimento antiglobalização”) e alguns de seus desdobramentos posteriores. Se, sem dúvida, esses estudos possuem qualidades, eles têm, ao mesmo tempo, inúmeros limites. Dentre estes últimos, principalmente as definições extremamente amplas e ahistóricas de anarquismo com as quais trabalham e as generalizações (eurocêntricas) feitas sobre uma base de dados extremamente restrita. Abaixo destaco alguns desses estudos.

  • David Graeber, “The New Anarchists”, New Left Review, 13 (2002). [Baixar]
  • Andrej Grubacic, “Towards Another Anarchism”, ZNet (2003). [Baixar] [Em português: Rumo a um Novo Anarquismo (São Paulo, 2006).]
  • Andrej Grubacic and David Graeber, “Anarchism, Or The Revolutionary Movement Of The Twenty-first Century”, ZNet (2004). [Baixar] [Em português, “Anarquismo, ou O Movimento Revolucionário do Século 21”, David Graeber, O Anarquismo no Século 21 e outros ensaios]. [Baixar]
  • Uri Gordon, Anarchy Alive! Anti-authoritarian Politics from Practice to Theory (London, 2008). [Baixar] [Em português, Anarquia Viva! Política Antiautoritária da Prática para a Teoria (2015).] [Baixar]
  • Uri Gordon, “Anarchism Reloaded”, Journal of Political Ideologies, 12 (2007). [Baixar]
  • Tomás Ibáñez, Anarquismo en Movimiento: anarquismo, neoanarquismo y postanarquismo (Buenos Aires, 2014). [Baixar] [Em português, “Anarquismo é Movimento: anarquismo, neoanarquismo e pós-anarquismo” (Imaginário, 2016).]

Outros textos sobre o tema, que trabalham com enfoques diferentes, são:

  • Leonard Williams, “Anarchism Revived”, New Political Science, 29 (2007). [Baixar]
  • Dana M. Williams, “Contemporary Anarchist and Anarchistic
    Movements”, Sociology Compass, 12 (2018). [Baixar]

Desde uma perspectiva histórica e global, que entendo ser a mais adequada para o estudo do anarquismo contemporâneo, indico alguns textos que, a meu ver, são mais interessantes:

brill
  • Lucien van der Walt, “Back to the Future: revival, relevance and route
    of an anarchist/syndicalist approach for twenty-first-century left, labour and national liberation movements”, Journal of Contemporary African Studies (2016). [Baixar] [Em português, com algumas modificações: “De Volta para o Futuro: a retomada e a relevância do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário para a esquerda e os movimentos de trabalhadores do século XXI”, Instituto de Teoria e História Anarquista (2019).] [Acessar]
  • Steven Hirsch and Lucien van der Walt, “Final Reflections: the vicisitudes of anarchist and syndicalist trajectories, 1940 to the present”, Anarchism and Syndicalism in the Colonial and Postcolonial World, 1870-1940 (Leiden/Boston, 2010). [Baixar]
  • Felipe Corrêa, “Surgimento e Breve Perspectiva Histórica do Anarquismo”, Instituto de Teoria e História Anarquista (2013). [Acessar]

2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

Para entender o anarquismo contemporâneo, conforme colocado, parece-me fundamental, primeiro, adotar uma abordagem histórica e global, para romper com os estudos ahistóricos (subsidiados em aproximações teóricas/práticas, autodefinições, etimologias etc.) e com o eurocentrismo (extrapolando a Europa Ocidental e os Estados Unidos e ampliando significativamente o escopo analítico territorial). E, segundo, trabalhar com uma definição conceitual precisa de anarquismo, baseada numa análise global de seus 150 de história. Indico em seguida algumas referências dessa abordagem.

Felipe Corrêa. “Bandeira Negra: rediscutindo o anarquismo” (PDF do ...
  • Felipe Corrêa, Bandeira Negra: rediscutindo o anarquismo (Curitiba, 2015). [Baixar]
  • Esse conteúdo também está em vídeo:
    • Apresentação de “Bandeira Negra” [Acessar]
    • “Anarquismo Redefinido” [Acessar]
    • “Surgimento do Anarquismo, Grandes Debates e Suas Correntes [Acessar]
  • Lucien van der Walt, “Global Anarchism and Syndicalism: theory, history, resistance”, Anarchist Studies, 24 (2016). [Acessar] [Em português, “Anarquismo Global e Sindicalismo de Intenção Revolucionária: teoria, história, resistência”, Instituto de Teoria e História Anarquista (2016).] [Acessar]
  • Para outras referências que temos desenvolvido nessa mesma linha, ver o Eixo Temático do ITHA: “Teoria e História Global do Anarquismo” [Acessar]

3. PARA ENTENDER O CONTEXTO EM QUESTÃO

A meu ver, são três os elementos contextuais mais relevantes para entender o período em questão:

1.) A crise do “estatismo progressista” e da esquerda em geral (Estado de bem-estar keynesiano e socialdemocracia; bloco “socialista” e marxismo-leninismo; industrialização por substituição de importações e nacionalismo anti-imperialista).

2.) A expansão global do neoliberalismo que, cada vez mais financeirizado, proporcionou a retomada dos lucros das classes dominantes, aumentando dramaticamente o poder de bancos e multinacionais internacionais.

3.) O surgimento e o fortalecimento de movimentos de resistência ao neoliberalismo que, em muitos casos, mesmo mantendo-se à esquerda do espectro político, adotaram uma posição crítica do estatismo. Dentre eles, o Movimento Zapatista, o Movimento de Resistência Global e formas inovadoras de sindicalismo.

Para entender esses elementos, indico abaixo algumas referências que entendo ser importantes.

Profit Over People: Neoliberalism and Global Order | Amazon.com.br
  • Peter Taylor, “The Crisis of the Movements: the enabling state as quisling”, Antipode, 23 (1991). [Baixar]
  • Lucien van der Walt, “Self-Managed Class-Struggle Alternatives to Neo-liberalism, Nationalisation, Elections”, Global Labour Column, 213 (2015). [Baixar]
  • Lucien van der Walt, “Back to the Future: revival, relevance and route of an anarchist/syndicalist approach for twentyfirst-century left, labour and national liberation movements”, Journal of Contemporary African Studies, 34 (2016). [Baixar] [Em português, com algumas modificações: “De Volta para o Futuro: a retomada e a relevância do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário para a esquerda e os movimentos de trabalhadores do século XXI”, Instituto de Teoria e História Anarquista (2019).] [Acessar]
  • Noam Chomsky, Profit Over People: Neoliberalism and Global Order (New York, 1999). [Acessar] [Em português: O Lucro ou as Pessoas? Neoliberalismo e ordem global (Rio de Janeiro, 2002). [Acessar]
  • Michel Chossudovsky, Globalization of Poverty and the New World Order (Montreal/Quebec, 2003). [Acessar] [Em português, A Globalização da Pobreza: impactos das reformas do FMI e do Banco Mundial (São Paulo, 1999).]
  • David Harvey, A Brief History of Neoliberalism (Oxford, 2005). [Em português, O Neoliberalismo: história e implicações (São Paulo, 2008). [Acessar]
  • Ladislau Dowbor, The Age of Unproductive Capital: New architectures of power (Newcastle, 2019). [Em português, A Era do Capital Improdutivo (São Paulo, 2017).] [Acessar]
  • José Arbex Jr., Revolução em Três Tempos: URSS, Alemanha, China (São Paulo, 1999).
  • Mark Bray, ANTIFA: The anti-fascist handbook (New York/London, 2017). [Baixar] [Em português, Antifa: o manual antifascista (São Paulo, 2017)]. [Baixar]
  • Charles Tilly and Lesley Wood, Social Movements, 1768-2008 (Boulder/London, 2009).
  • Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN), Ya Basta! Ten years of the Zapatista Uprising (Oakland, 2004).
  • Uri Gordon, Anarchy Alive! Anti-authoritarian Politics from Practice to Theory (London, 2008). [Baixar] [Em português, Anarquia Viva! Política Antiautoritária da Prática para a Teoria (2015).] [Baixar]
  • Immanuel Ness (ed), New Forms of Worker Organization: The syndicalist and autonomist restoration of class-struggle unionism (Oakland, 2014). [Baixar]

Vale ressaltar que, para compreender adequadamente o ressurgimento contemporâneo do anarquismo, é necessário unir aos elementos estruturais e conjunturais a ação de anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários, que teve papel central nesse ressurgimento. A seguir, muitas dessas iniciativas serão mencionadas.


4. PRESENÇA GEOGRÁFICA

Depois de analisar a presença e a influência do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário nos distintos países do mundo entre 1990 e 2019, cheguei aos resultados que incorporei no mapa abaixo.

Mapa: “Presença e influência do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário nos distintos países do mundo (1990-2019)”.

Presença_Impacto do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário no mundo (1990-2019)

Nesse mapa se pode notar todos os países em que encontrei a presença de expressões anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionárias. São eles, por região: América do Norte: Estados Unidos e Canadá. América Central e Caribe: México, Cuba e Costa Rica. América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Peru, Venezuela, Colômbia, Equador e Guiana Francesa. Europa Nórdica: Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia. Europa Ocidental: França, Itália, Espanha, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Áustria, Bélgica, Holanda, Portugal, Suíça e Islândia. Leste Europeu: Grécia, Rússia, Ucrânia, Polônia, Bulgária, República Tcheca, Sérvia, Croácia, Hungria, Romênia, Eslovênia e Eslováquia. Oriente Médio e Ásia Central: Síria, Israel e Palestina, Turquia, Líbano, Irã e Iraque. Extremo Oriente: Japão, Coreia do Sul e China. Sudeste e Sul Asiático: Indonésia, Bangladesh, Afeganistão, Índia, Malásia, Cingapura, Filipinas e Timor Leste. Norte da África: Egito, Tunísia e Argélia. África Subsaariana: África do Sul, Nigéria, Serra Leoa, Suazilândia, Zimbábue, Zâmbia e Uganda. Oceania: Austrália e Nova Zelândia.

Também pude notar o impacto dessas expressões, que foi mensurado a partir de um conjunto de variáveis: tamanho, constância, influência política e social, nível de difusão nacional, elaborações teóricas e realizações práticas.

Entretanto, é importante ter em mente que, mesmo nos lugares de maior presença e influência, em termos gerais, o anarquismo, o anarcossindicalismo e o sindicalismo revolucionário foram, em comparação com outros setores da esquerda, e mesmo com outros setores revolucionários, uma força minoritária. Uma força crescente, relevante, que passou a ser mais conhecida, respeitada e a intervir significativamente na realidade global; mas, ainda assim, uma força minoritária.


5. GRANDES CORRENTES E EXPRESSÕES

No período em questão, a maneira de atuar de anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários, assim como as posições que adotaram frente aos grandes debates levados a cabo, permitem falar em seis grandes correntes e expressões, que são listadas a seguir: 1.) Organizações de massas sindicalistas; 2.) Organizações específicas flexíveis (“sintetistas”); 3.) Organizações específicas programáticas (“plataformistas”/”especifistas”); 4.) Indivíduos e grupos insurrecionalistas; 5.) Coletivos em suas diversas expressões; 6.) Antiautoritários e libertários em geral.

Apresento aqui algumas características dessas correntes e expressões, suas principais redes e organizações internacionais, e indico alguns documentos produzidos no seio dessas próprias correntes e expressões para um aprofundamento de suas concepções.

* Vale notar que não se pode comparar o número absoluto de membros das correntes (fruto de levantamentos que fiz ao longo da pesquisa) sem levar em conta o tipo de organização do qual se trata e seus critérios de ingresso e participação. Por exemplo, uma organização sindical e uma organização específica, cada uma com 300 membros, podem ter impactos muito distintos na realidade. Ademais, também é muito importante observar que a maior parte dos anarquistas no mundo não está organizada, de modo que o número total de anarquistas no mundo supera muito as cifras abaixo mencionadas.

5.1 ORGANIZAÇÕES DE MASSAS SINDICALISTAS

Caracterização: Organizações anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionárias que pretendem ser de massas. Vinculam-se principalmente ao campo do trabalho, pretendendo articular os trabalhadores numa base econômica para conduzir lutas por ganhos imediatos e também a luta revolucionária. Seus membros não precisam obrigatoriamente se identificar com o anarquismo, o qual, a depender do caso pode ser mais ou menos promovido pelas próprias organizações. Utilizam consenso e voto (em diferentes modalidades) para tomada de decisões e se articulam em sindicatos de ofícios vários, sindicatos por ramo de trabalho, ou mesmo dentro de centrais ou sindicatos mais amplos.

Referenciais históricos: Principalmente a Associação Internacional dos Trabalhadores de 1922/3 (ou “Internacional Sindicalista”).

Representações internacionais:

  • Associação Internacional dos Trabalhadores (IWA-AIT). Historicamente, é a organização mais importante desse campo; fundada em 1922/3 e passando por uma crise com a Segunda Guerra, voltou a crescer desde os anos 1970. Entretanto, com uma enorme cisão em 2016 (que significou a perda de 80% ou 90% da sua base de trabalhadores), diminuiu muito sua força. Possuía em 2019 algo em torno de 1 mil membros, divididos em 13 organizações nacionais e 6 “amigas”, principalmente na Europa e Oceania, e com articulações mais modestas nas Américas e na Ásia. [https://iwa-ait.org/]
  • Red and Black Coordination (RBC). Foi articulada nos anos 2010, reunindo organizações dissidentes e/ou que não faziam parte da IWA-AIT. Em 2019 reunia sete organizações sindicais da Europa somando por volta de 100 mil membros (a maior parte deles da CGT espanhola). [http://www.redblack.org/]
  • Confederação Internacional do Trabalho (ICL-CIT). Fundada em 2018 pelas organizações que cindiram com a IWA-AIT articuladas com outras da RBC. Possuía em 2019 por volta de 10 mil membros, divididos em sete organizações, principalmente da Europa, da América do Norte e, em menor medida, na América do Sul. [https://www.icl-cit.org/]
  • Rede Sindical Internacional de Solidariedade e de Lutas (RSISL). Foi fundada em 2013, como uma proposta mais ampla de articulação. Reúne tanto organizações sindicalistas revolucionárias e anarcossindicalistas, quando outras, que, mesmo no campo do sindicalismo classista e combativo, não possuem práticas autogestionárias e federalistas, e nem independência de partidos políticos. [http://www.laboursolidarity.org/]

Para compreender melhor suas concepções:

  • International Workers Association (IWA-AIT), “The Statutes of Revolutionary Unionism (IWA)” (2020). [Acessar] [Em português, “Estatutos da Associação Internacional dos Trabalhadores”.] [Acessar]
  • International Confederation of Labour (ICL-CIT), “Statutes of the International Confederation of Labour” (2018). [Acessar]
CGT denuncia la “política antisindical” de PPG Ibérica en ...

5.2 ORGANIZAÇÕES ESPECÍFICAS FLEXÍVEIS (“SINTETISTAS”)

Caracterização: Organizações especificamente anarquistas (ou seja, seus membros se identificam como anarquistas) dedicadas a diferentes tipos de trabalho, em especial a propaganda, mas também a participação em lutas sociais. Permitem pluralidade de ideias e de tendências, assim como a diversidade de concepção do anarquismo, de teorias, estratégias e táticas, de modo que seus grupos e membros têm plena autonomia (inclusive de acatar ou não deliberações congressuais e de outras instâncias).

Referenciais históricos: Além dos clássicos em geral (Mikhail Bakunin, Piotr Kropotkin, Pierre-Joseph Proudhon), iniciativas como a Internacional Antiautoritária de 1872, o Congresso de Bolonha de 1920, e as contribuições de Errico Malatesta, Sébastien Faure e Volin.

Representações internacionais:

Para compreender melhor suas concepções:

  • Fédération Anarchiste [Francophone] (FAF), “Principes de Base / Pacte Associatif de la Fédération Anarchiste” (2016). [Acessar] [Em português, “Princípios da Federação Anarquista Francesa”.] [Acessar]
  • Federazione Anarchica Italiana (FAI), “Patto Associativo della Federazione Anarchica Italiana – F.A.I.” (s/d). [Acessar]
Conférence de presse à la librairie Publico | Le blog de Floréal

5.3 ORGANIZAÇÕES ESPECÍFICAS PROGRAMÁTICAS (“PLATAFORMISTAS”/”ESPECIFISTAS”)

Caracterização: Organizações especificamente anarquistas dedicadas ao trabalho de construção e participação em movimentos de massas (sindical, comunitário, estudantil etc.) e propaganda. Trabalham com a organização em dois níveis (anarquista e de massas) e, no nível anarquista, defendem a unidade teórica, a unidade tática, estratégica, programática, e a responsabilidade coletiva. Possuem linhas comuns, obrigatórias para seus grupos, núcleos e membros. Buscam o consenso, mas, na impossibilidade, trabalham com distintas formas de voto.

Referenciais históricos: Bakunin e a Aliança, primeira organização política anarquista da história; Dielo Truda e a “Plataforma Organizacional” de 1926; clássicos como Malatesta, Luigi Fabbri, Kropotkin entre outros.

Representações internacionais:

Para compreender melhor suas concepções:

  • Federación Anarquista Uruguaya (FAU), “Declaración de Principios de FAU” (1993). [Acessar]
  • Zabalaza Communist Anarchist Front (ZACF), “Constitution of the ZACF” (2013). [Acessar]
  • Federazione dei Comunisti Anarchici (FdCA), “The Political Organization” (1985). [Acessar]
anarkismo

5.4 INDIVÍDUOS E GRUPOS INSURRECIONALISTAS

Caracterização: Pessoas, grupos de afinidade e associações informais críticos das organizações de massas e específicas estruturadas, e que enxergam nas ações violentas (baseadas na noção de ataque constante, permanente, e na recusa qualquer espera, mediação ou compromisso) possíveis gatilhos para gerar insurreições e movimentos revolucionários imediatos. Não possuem instâncias formais de tomada de decisão e frequentemente dialogam sem que uns conheçam os outros; possuem completa autonomia para promover seus objetivos.

Referenciais históricos: Mais fluidos que os outros, vinculam-se às contribuições clássicas de anarquistas como Luigi Galleani, Ravachol, Severino Di Giovanni e outros – em geral associados à noção de “propaganda pelo fato”, ao ilegalismo anarquista e à Internacional Negra de 1881 –, e também às contribuições mais recentes (Alfredo Bonanno, por exemplo).

Representações internacionais:

  • Federação Anarquista Informal / Frente Revolucionária Internacional (FAI/FRI). Rede informal com foco na região do Mediterrâneo (Grécia e Itália, principalmente) que se desenvolveu a partir de 2002/3. Em 2011 reunia diversos grupos, não apenas na região em questão, mas também em outros países europeus e latino-americanos. Como atuam frequentemente na clandestinidade, é mais difícil estimar suas dimensões, mas é possível dizer que aqueles com alguma articulação são, provavelmente, menos numerosos que as organizações flexíveis e programáticas.
    • Alguns membros (2011): Conspiração das Células de Fogo (CCF, Grécia), Cooperativa Artigiana… (Itália), Brigada 20 de julho (Itália).

Para compreender melhor suas concepções:

  • Federazione Anarchica Informale (FAI), “Premier Communiqué de la FAI”, Agence de Presse Associative, APA (2004). [Acessar]
  • Killing King Abacus (KKA), Some Notes on Insurrectionary Anarchism (Santa Cruz, 2006). [Acessar]
  • Do or Die, “Insurrectionary Anarchy!”, Do or Die, 10 (2003). [Acessar]
MAESTRO DI DIETROLOGIA: NOME IN CODICE: "OLGA"... !!! OVVERO L ...

5.5 COLETIVOS EM SUAS DIVERSAS EXPRESSÕES

Caracterização: Grupos (coletivos políticos, grupos de propaganda, ocupações urbanas, centros sociais, infoshops, editoras, jornais, bibliotecas, grupos de pesquisa, cooperativas, comunidades etc.) que, em alguns casos, são compostos exclusivamente por anarquistas e, em outros, reúnem também militantes de outras correntes antiautoritárias. Estão presentes em todas as regiões que possuem presença anarquista; a depender do caso, constituem referências locais, regionais ou mesmo nacionais. São várias centenas, provavelmente milhares em todo o mundo.

Referenciais históricos: Variados, indo desde o anarquismo clássico e contemporâneo, até as contribuições teóricas e práticas de outras correntes libertárias.

5.6 ANTIAUTORITÁRIOS E LIBERTÁRIOS EM GERAL

Caracterização: Movimentos, grupos e indivíduos que podem ser chamados de antiautoritários ou libertários em sentido amplo. Assim como nos coletivos, podem estar mais ou menos próximos do anarquismo, ter ou não participação de anarquistas e vincular-se às concepções do marxismo libertário, do autonomismo, de certos indigenismos, determinadas expressões religiosas etc.


6. GRANDES DEBATES

Essas correntes e expressões explicam-se pelas similaridades e diferenças nas respostas a um conjunto de questões, que constituíram, nesses anos, o cerne dos grandes debates entre anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários. Essas questões são as seguintes:

  • Acredita que é necessário se articular com outros? Se sim, concorda em se articular com não anarquistas? Neste caso, como e em que tipo de articulação?
  • No caso de defesa da organização, como se organizar? Organizações de massas e/ou específicas? Ou “organizações” informais? No caso das organizações de massas, como relaciona local de trabalho e moradia?
  • Aceita adaptar-se às legislações sindicais nacionais? Participa de eleições de conselhos e representantes sindicais (nos países que têm esse tipo de representação)? Aceita receber algum recurso do Estado direta ou indiretamente? Concorda em participar de organizações sindicais, populares ou sociais de tipo reformista ou vinculada a outras concepções ideológicas?
  • No caso das organizações específicas, adota-se o modelo flexível ou programático? Qual é o nível de autonomia e unidade permitido ou exigido de militantes, grupos e núcleos?
  • Qual é o principal foco da atividade? Construir e participar de movimentos de massas, promover a propaganda e a educação, realizar ataques armados etc.?
  • Como se entende a dinâmica da luta? Ataca-se sempre ou se entende que as condições de avanço e recuo dependem de condições históricas?
  • Como as decisões são tomadas? Aceita-se o voto?
  • Militantes, grupos e núcleos se conhecem?
  • Aceita-se a delegação? Se sim, em que bases?
  • Aceita-se a luta por reformas e ganhos de curto prazo? Se sim, em que casos?
  • Defende a articulação entre programa mínimo e programa máximo? Dispõe-se a algum tipo de negociação, conciliação ou mediação nas lutas? Importa-se com a opinião pública?
  • Como entende o papel da violência revolucionária e sua relação com as lutas e movimentos de massas?
  • De que maneira media o principismo (imobilidade política completa, graças à “imperfeição da realidade”) e o pragmatismo (vale tudo para intervir na realidade, inclusive trair os próprios princípios), de que iniciativas participa e que tipo de alianças busca?

7. REALIZAÇÕES NOTÁVEIS E GRANDES EPISÓDIOS

Abaixo, há uma lista de realizações notáveis e grandes episódios em que anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários estiveram envolvidos, com maior ou menos presença/impacto, a depender do caso. As realizações são expostas por continentes e temas; indico ao longo do texto bibliografia e fontes para aprofundamento.

7.1 ESFORÇOS TRANSNACIONAIS

7.1.1 REDES, ORGANIZAÇÕES E ENCONTROS ANARCOSSINDICALISTAS E SINDICALISTAS REVOLUCIONÁRIOS 

Aqui, vale ressaltar as importantes experiências já mencionadas: Associação Internacional dos Trabalhadores (IWA-AIT), Red and Black Coordination (RBC), Confederação Internacional do Trabalho (ICL-CIT) e Rede Sindical Internacional de Solidariedade e de Lutas (RSISL). Algumas fontes para aprofundar o conhecimento dessas redes e organizações — assim como a cisão da IWA-AIT, a conformação da RBC e da ICL-CIT — são, além dos sites já citados:

  • Vadim Damier, Anarcho-Syndicalism in the 20th Century (Edmonton, 2009). [Baixar]
  • Laure Akai, “Why do We Need a Third International?”,The Anarchist Library (2016). [Baixar]
  • Confederación Nacional del Trabajo – Secretaria de Exteriores (CNT-SE), “Más Allá de la AIT (2 partes)”, Amor y Rabia (2016). [Acessar Parte I] [Acessar Parte II] [Em inglês, “Beyond the IWA: an interview with the CNT’s International Secretary (2 parts)” (2017).] [Acessar Partes I e II]
  • Rabioso, “La Crisis de la AIT desde la Perspectiva de la CNT (2 partes)”, Amor y Rabia (2016). [Acessar Parte I] [Acessar Parte II] [Em inglês, “The CNT and the IWA (2 parts)” (2016).] [Acessar Parte I] [Acessar Parte II]
  • Site: Lifelong Wobbly [Acessar]
70th anniversary = 70. anniversario, IAA = IWA = AIT ; XIX ...

Além disso, há o destacado caso do Industrial Workers of the World (IWW) que, pelo menos antes de integrar a ICL-CIT, desenvolveu-se no período em questão como uma rede internacional. Entre 1990 e 2019, além de sua presença mais destacada nos Estados Unidos e no Canadá, teve existência menos significativa em: Grã-Bretanha, Alemanha, Finlândia, Islândia, Rússia, Polônia, Serra Leoa, Uganda, Austrália e Nova Zelândia. [https://iww.org/] O referencial historiográfico mais interessante que aborda o período estudado é o seguinte.

  • Fred Thompson and Jon Bekken, The Industrial Workers of the World: It’s First 100 Years (Cincinnati, 2006).

Além disso, desde uma perspectiva internacional, outro destaque foram os Encontros Internacionais Sindicalistas, com participação de várias organizações dessa corrente para discutir a conjuntura internacional e estimular o internacionalismo. Tais encontros foram levados a cabo nos Estados Unidos em 1999 (i99), na Alemanha em 2002 (i02) e na França em 2007 (i07). Este último encontro, convocado pela CNT-F (Vignoles), reuniu dezenas de centrais e sindicatos do mundo todo; os sindicatos africanos foram aqueles que participaram em maior número. Sobre o i07, há na internet algumas referências interessantes.

  • Confédération Nationale du Travail – France (CNT-F), “Conférences Internationales Syndicales – i07″ [diferentes materiais] (2007). [Acessar]

7.1.2 REDES, ORGANIZAÇÕES E ENCONTROS ANARQUISTAS

Vale também retomar as destacadas experiências mencionadas: Internacional de Federações Anarquistas (IFA)Rede Anarkismo.net e Federação Anarquista Informal / Frente Revolucionária Internacional (FAI/FRI). Abaixo, indico algumas fontes para aprofundar o conhecimento dessas redes e organizações.

IFA E ORGANIZAÇÕES FLEXÍVEIS (“SINTETISTAS”)

  • IFA, Histoire de l’Internationale des Fédérations Anarchistes (IFA), 3 volumes (sem data).
  • IFA, IFA: The Magazine of the International of Anarchist Federations, 1 (2018?). [Baixar]
  • IFA, Anarkiista Debato: Magazine of IAF (2006?). [Baixar]
  • Fédération Anarchiste [Francophone] (FAF), “Pour un Anarchisme du XXIe Siècle” (sem data). [Acessar]
Projets de couvertures pour ouvrage en 3 tomes - La vie en Mauve

ANARKISMO.NET E ORGANIZAÇÕES PROGRAMÁTICAS (“PLATAFORMISTAS”/”ESPECIFISTAS”)

  • Felipe Corrêa, “Sobre Anarkismo.net: entrevista a Jose Antonio Gutierrez Danton, uno de los fundadores” (2020). [Baixar]
  • Anarchism and the Platformist Tradition, “Recent Writtings”. [Acessar]
  • Anarchism and the Platformist Tradition, “The Global Influence of Platformism Today: Interviews”. [Acessar]
  • Anarchism and the Platformist Tradition, “Especifismo Anarquista”. [Acessar]

FEDERAÇÃO ANARQUISTA INFORMAL / FRENTE REVOLUCIONÁRIA INTERNACIONAL E INICIATIVAS INSURRECIONALISTAS

  • Act for Freedom Now, “Our Lives of Burning Vision” (2011). [Baixar]
  • Conspiracy of Cells of Fire (CCF), “Mapping the Fire: International Words of Solidarity with the Conspiracy of Cells of Fire” (2012). [Baixar]
    • Alfredo Cospito (Conspiracy of Cells of Fire), “‘A Few Words of “Freedom’: Interview by CCF – Imprisoned Members Cell with Alfredo Cospito’, The Anarchist Library (2014). [Baixar]
  • Federazione Anarchica Informale (FAI), “Quattro Anni… Documento Incontro FAI a 4 Anni dalla Nascita”, Sebben che siamo donne (2006). [Acessar]
  • Federazione Anarchica Informale / Fronte Rivoluzionario Internazionale (FAI/FRI), “Non Dite che Siamo Pochi”, Informa-Azione (2011). [Acessar]
    • Anarcopedia, “Federazione Anarchica Informale”. [Acessar]
  • Act for Freedom Now, “Revolutionary Struggle: a Collection of Letters, Texts and Communiques from an Armed Groupe in Greece and Their Accused” (2011?). [Baixar]

Além de encontros e congressos das redes e organizações em questão, em distintas oportunidades houve outros Encontros Internacionais Anarquistas, mais ou menos globais a depender do contexto, com propósitos teóricos e práticos. São exemplos: o Encontro Internacional Libertário (Espanha, 1995), o encontro da Internacional Antiautoritária Insurrecionalista (Itália, 2000), as Jornadas Anarquistas (Brasil, 2002), as Conferências Internacionais Anarcofeministas (Inglaterra, 2014) e os Encontros dos Anarquistas Mediterrâneos (Tunísia, 2015). Em 2012, os Encontros Internacionais Anarquistas, ocorridos em St. Imier, na Suíça, reuniram milhares de pessoas do mundo todo, para cinco dias de atividade. Abaixo, selecionei materiais sobre alguns desses encontros.

  • “Internationale Antiautoritaire Insurrectionaliste – Première rencontre” (2000). [Acessar]
  • Federación Anarquista Uruguaya, “Declaración final de las Jornadas Anarquistas de Porto Alegre en el 2002” (2002). [Acessar]
  • Anarcha-Feminist Conference (AFem2014). [Acessar]
    • Romina Akemi and Bree Busk, “Breaking the Waves: Challenging the Liberal Tendency within Anarchist Feminism”, Institute for Anarchist Studies (2016). [Acessar]
  • Le Commun Libertaire, Internacional de Federações Anarquistas e Federação Anarquista Francesa, “Tunisie, Appel à une Première Rencontre Anarchiste Méditerranéenne! Mars 2015” (2014). [Acessar]
  • Le Monde Libertaire (ed), Saint Imier 1872-2012: Rencontres Internationales Anarchistes…. Le Monde Libertaire Hors-série n° 46 (2012).
    • Alguns Vídeos (Encontros Internacionais Anarquistas, 2012). [Acessar]
Le Blog du groupe Proudhon de la Fédération anarchiste (Besançon)

7.1.3 ZAPATISMO, MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA GLOBAL E CENTRO DE MÍDIA INDEPENDENTE

Como mencionei, grandes movimentos antiautoritários e libertários conformaram-se entre 1990 e 2019. O mais influente deles é o movimento indígena armado do México — o Movimento Zapatista –, encabeçado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Esse movimento se tornou público em 1994 na luta contra o neoliberalismo e foi alçado à condição de referência mundial neste combate. Ao mesmo tempo, desenvolveu uma prática muito interessante na administração coletiva de 55 municipalidades na região de Chiapas, nas quais vivem 300 mil pessoas. Mesmo não sendo um movimento anarquista, o zapatismo influenciou bastante os anarquistas. Houve, bem marginalmente, contribuições de anarquistas, anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionários, tanto do México (Unidade Libertária Autogestionária e da Federação Revolucionária Amor e Raiva, por exemplo), quanto de outros países (como a CGT espanhola, por exemplo) nessa experiência. Coloco algumas referências sobre o movimento zapatista abaixo. Sobre a participação de anarquistas, tudo que obtive foi em entrevistas que não serão publicizadas.

  • Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN), Ya Basta! Ten years of the Zapatista Uprising (Oakland, 2004).
  • Enlace Zapatista. [Acessar]
  • Emilio Gennari, “EZLN: passos de uma rebeldia”, Pegada, 5 (2004). [Acessar]

Os zapatistas estão entre os signatários daqueles que fundaram, em 1998, a Ação Global dos Povos (AGP), uma coordenação de movimentos sociais que encabeçou o Movimento de Resistência Global (chamado “movimento antiglobalização”) e a articulação dos Dias de Ação Global contra o neoliberalismo. Outro influente movimento dessa onda, propunha ser um instrumento global para comunicação e coordenação daqueles que lutam contra a destruição da humanidade e do meio-ambiente pela globalização capitalista, e que constroem alternativas locais e poderes populares. Mobilizações globais enormes foram realizadas a partir de 1999, sendo a manifestação de Seattle, de novembro daquele ano, aquela que deu visibilidade mundial ao movimento, estendendo-se com maior intensidade até 2002. Por mais que o grande foco dessas mobilizações estivesse nos Estados Unidos e na Europa, elas também tiveram desdobramentos em outros continentes, e os anarquistas constituíram parte fundamental desse movimento, e o influenciaram determinantemente.

  • Peoples’ Global Action (PGA), “PGA Bulletin, num. 0”, Archive of Global Protests (1997). [Acessar] [Em português, para essa e outras fontes, consultar a página da Ação Global dos Povos.] [Acessar]
  • Bruno Fiuza e Márcio Bustamante, “Uma História Oral da Ação Global dos Povos: pesquisa ativista a serviço das lutas sociais”, Anais do XIV Encontro Nacional de História Oral (2018). [Baixar]
  • Ned Ludd, Urgência das Ruas: Black Bloc, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global (São Paulo, 2002). [Acessar]
  • Barbara Epstein, “Anarchism and the Anti-Globalization Movement”, Montly Review, 53 (2001). [Acessar]
  • Uri Gordon, Anarchy Alive! Anti-authoritarian Politics from Practice to Theory (London, 2008). [Baixar] [Em português, Anarquia Viva! Política Antiautoritária da Prática para a Teoria (2015).] [Baixar]
  • Ross Wolfe, “The Movement as an End-in-itself? An interview with David Graeber”, Platypus Review, 43 (2012). [Acessar]

Como uma rede global de comunicação vinculada ao “movimento antiglobalização”, e contando também com contribuição importante de anarquistas, surgiu em 1999 o Centro de Mídia Independente (CMI, ou Indymedia). Dentre outros projetos, ele geria sites no mundo todo (em 2002, eram 90; em 2006, eram 150), cuja publicação aberta, a possibilidade de comentários dos leitores e diferentes ferramentas tecnológicas desenvolvidas – num momento de inexistência das redes sociais –, não apenas romperam com a hegemonia do discurso da grande imprensa e deram voz aos movimentos sociais, mas se mostraram profundamente inovadores, anunciando o caminho tecnológico que se seguiria a partir de então.

  • Eva Giraud, “Has Radical Participatory Online Media Really ‘Failed’? Indymedia and its legacies”, Convergence: The International Journal of Research into New Media Technologies, 20 (2014). [Baixar]
  • Dorothy Kidd, “Indymedia.org: a New Communication Commons”, M. McCaughey and M. Ayers, Cyberactivism: Online Activism in Theory and Practice (New York / London, 2003). [Baixar]
  • Adilson Cabral, “As Comunidades de Compartilhamento Social no Centro de Mídia Independente”, Intercom, 31 (2008). [Baixar]

7.1.4 ANTIFA, CRUZ NEGRA ANARQUISTA E BLACK BLOC

Conformaram-se, também, nesse período, centenas (talvez alguns milhares) de coletivos, que não raro construíram articulações transnacionais, formando redes ou mesmo mantendo contato e influenciando uns aos outros.

Dentre os casos mais expressivos estão os diversos coletivos Antifa pelo mundo, alguns especificamente anarquistas, outros de composição mais ampla. A internacionalização crescente do modelo militante Antifa foi central nos anos em questão, contando com papel determinante dos anarquistas.

  • M. Testa, Militant Antifascism: a hundred years of resistance (Oakland, 2015). [Baixar]
  • Mark Bray, ANTIFA: The anti-fascist handbook (New York/London, 2017). [Baixar] [Em português, Antifa: o manual antifascista (São Paulo, 2017)]. [Baixar]
What is Antifa? | News | Al Jazeera

Estão, também, os inúmeros grupos da Cruz Negra Anarquista (CNA), cujo foco esteve voltado ao trabalho de apoio a presos políticos. Com uma perspectiva abolicionista, comunicaram-se com os encarcerados, os visitaram, disponibilizaram literatura política, arrecadaram fundos e organizaram manifestações de solidariedade.

  • Matthew Hart, “Yalensky’s Fable: A History of the Anarchist Black Cross”, The Anarchist Library (2003). [Baixar]
  • Anarchist Black Cross (ABC), “Starting an Anarchist Black Cross Group: A guide”, The Anarchist Library (2018). [Baixar]
  • A Las Barricadas, “’No debemos limitar JAMÁS nuestra lucha a las cuestiones legales’: Entrevista sobre la Cruz Negra Anarquista Latinoamerica”, A Las Barricadas (2008). [Acessar]

Cumpre ainda mencionar o chamado Black Bloc, uma tática de ação utilizada em manifestações de rua, que tem como cerne a utilização de uma identidade visual comum (máscaras e roupas pretas) e de formas combativas de protesto, que incluem destruição de propriedades e enfrentamento da polícia. Originou-se na Europa nos anos 1980, difundiu-se transnacionalmente na esteira do movimento de resistência global ao longo dos anos 1990 e 2000, e pôde ser notado em localidades tão distintas quanto o Brasil e o Egito em 2013. Anarquistas não foram os únicos a participar, mas certamente foram centrais em todo esse processo.

  • Francis Dupuis-Déri. Who’s Afraid of the Black Blocs?: Anarchy in Action around the World (Oakland, 2014). [Em português, Black Blocs (São Paulo, 2014)].
  • David Van Deusen and Xavier Massot (eds), The Black Bloc Papers: An Anthology of Primary Texts From The North American Anarchist Black Bloc, 1988-2005 (Shawnee Mission, 2010). [Baixar]
  • Francis Dupuis-Déri, “Black Blocs: abaixo às máscaras!”, Verve, 30 (2016). [Baixar]

7.1.5 PESQUISA E SUBCULTURAS URBANAS

Ao mesmo tempo, houve iniciativas transnacionais no campo acadêmico e da pesquisa, por meio da constituição de redes e institutos como a North American Anarchist Studies Network (NAASN) [http://naasn.org/], Anarchist Studies Network (ASN) [https://anarchiststudiesnetwork.org/] e o Instituto de Teoria e História Anarquista / Institute for Anarchist Theory and History (ITHA-IATH) [https://ithanarquista.wordpress.com/].

De modo mais difuso, mas também muito relevantes para o crescimento do anarquismo em diferentes países do mundo, estão as experiências subculturais vinculadas ao punk (anarcopunk, especialmente), e, em menor escala, ao rock alternativo, hardcore, straight edge, skinhead, hip-hop e torcidas organizadas.

  • CrimethInc, “Music as a Weapon: The Contentious Symbiosis of Punk Rock and Anarchism”, CrimethInc (2018). [Acessar]
  • Jim Donaghey, “Bakunin Brand Vodka: An Exploration into Anarchist-punk and Punk-anarchism”, Anarchist Developments in Cultural Studies, 1 (2013). [Baixar]
  • Jim Donaghey, Punk and Anarchism: UK, Poland, Indonesia (Loughborough, 2016). [Acessar]
  • Eduardo Ribeiro, Uma História Oral do Movimento Anarcopunk em São Paulo, 1988-2001 (Rio de Janeiro, 2019). [Para uma síntese disponível online, ver: “Anarcopunk SP — uma jornada de criatividade, resistência e luta” (2019).] [Acessar]

7.2 EUROPA OCIDENTAL E NÓRDICA

7.2.1 FORÇA DAS ORGANIZAÇÕES SINDICALISTAS NA ESPANHA E NA SUÉCIA

Na Europa Ocidental e Nórdica, há dois casos que se destacam por suas dimensões nacionais. Primeiro, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) na Espanha. Trata-se da maior organização sindicalista revolucionária do mundo e a terceira maior central espanhola. Em 2004, contava com 60 mil membros, mais de 5 mil delegados sindicais e representava mais de 2 milhões de trabalhadores espanhóis. No setor privado, sua maior representação encontrava-se nos bancários, nos metalúrgicos, nos trabalhadores das telecomunicações e da limpeza; no público, estava nos ferroviários, nos trabalhadores dos correios, coletivos territoriais e televisões regionais. Depois disso, continuou a crescer, chegando na atualidade com impressionantes 100 mil membros; além dos setores em questão, ampliou sua presença entre trabalhadores do telemarketing e imigrantes precarizados. Em 2001, articulou a Solidariedade Internacional Libertária (SIL), com organizações anarquistas e sindicalistas europeias e latino-americanas.

  • Confederación General del Trabajo (CGT), 25 Aniversario del Congreso de Unificación, 1984-2009 (2009). [Baixar]
  • C.J., “Espagne: La CGT s’affirme comme la troisième organization syndicale”, Alternative Libertaire, 134 (2004). [Baixar]
  • José Manuel Muñoz Póliz (CGT), “Entrevista: ‘La clase trabajadora es la que está haciendo los esfuerzos una vez más’”, Cuartopoder.es (2020). [Acessar]
  • Wikiwand, “Confederación General del Trabajo” (España). [Acessar]
  • Lucha Libertaria, “Jornadas Libertarias [y SIL]” (2001). [Acessar]
  • Site da CGT: https://cgt.org.es/.

Segundo, o Sveriges Arbetares Centralorganisation [Organização Central dos Trabalhadores da Suécia] (SAC) que, apesar de vir diminuindo em termos de filiados (de cerca de 7 mil em 2001 para 3 mil em 2016), proporcionalmente à população da Suécia, é ainda a segunda maior organização sindicalista revolucionária europeia. Além das lutas e campanhas sindicais mais tradicionais, articularam trabalhadores sem documentos, campanhas de comércio justo, organização clandestina de ferroviários, mobilização de juventude.

  • Gabriel Kuhn, “Syndicalism in Sweden: A hundred years of the SAC”, Immanuel Ness (ed), New Forms of Worker Organization: The syndicalist and autonomist restoration of class-struggle unionism (Oakland, 2014). [Baixar]
  • Site da SAC: https://www.sac.se/.
Invitation to 20th anniversary of the Swedish Anarcho-syndicalist ...

Vale lembrar ainda que indivíduos e grupos com perspectiva anarquista, anarcossindicalista e sindicalista revolucionária também participaram de sindicatos mais amplos: caso interessante é aquele dos italianos, que contribuíram com a construção da COBAS (Confederação de Comitês de Base), nascida em 1999 e organizada em quatro federações, representando centenas de milhares de trabalhadores.

  • Donato Romito, “Anarchist Communists and the Italian Base Union Movement”, Libcom (2008). [Acessar]
  • Site da COBAS: http://www.cobas.it/.

7.2.2 MOBILIZAÇÕES E GREVES CONTRA O IMPERIALISMO, O NEOLIBERALISMO E A OPRESSÃO DA MULHER NO TRIÂNGULO ESPANHA-FRANÇA-ITÁLIA

Nos anos analisados, aconteceram mobilizações importantes no triângulo Espanha-França-Itália, e tiveram presença de organizações desses países. Além daquelas vinculadas ao movimento “antiglobalização”, houve grandes processos de luta e greves. Destacam-se aquelas que contrapuseram o imperialismo norte-americano: na Itália, os inúmeros protestos nos anos 1990 e 2000 contra a instalação de bases militares dos Estados Unidos em seu próprio solo, e a greve de 1991 contra a Guerra do Golfo; na Espanha, foi importante uma greve geral em 2003 contra a participação na Guerra do Iraque.

Também aquelas que visaram combater os efeitos das medidas neoliberais de austeridade, com seus efeitos de perda de direitos, precarização do trabalho, aumento do custo de vida. Na Espanha, são dignos de menção: uma greve em 1994 contra a precarização, o Movimento dos Indignados (15M), em 2011, que sintetizou a insatisfação da sociedade espanhola com esse contexto socioeconômico e as formas contemporâneas de representação política; as mobilizações e a greve de mulheres em 2018 (8M) colocaram o feminismo e a questão de gênero na ordem do dia.

Na França, vale apontar mobilizações e greves: em 1995, contra as reformas da previdência; 2006 e 2009-2010, contra medidas de flexibilização trabalhista, precarização e perda de direitos – com protestos com alguns milhões de pessoas nas ruas; em 2018-2019, contra o aumento dos combustíveis, do custo de vida e as medidas de austeridade (Coletes Amarelos) e também contra a perda de direitos previdenciários.

As organizações anarcossindicalistas e sindicalistas revolucionárias participaram desses episódios, e foram mais ou menos influentes a depender do contexto. Também participaram antiautoritários/libertários, inúmeros coletivos, indivíduos e grupos insurrecionalista e organizações específicas anarquistas, tanto as programáticas, quanto as flexíveis.

Itália:

  • Alice Poma and Tommaso Gravante, “Beyond the State and Capitalism: The Current Anarchist Movement in Italy”, Journal for the Study of Radicalism, 11 (2017). [Baixar]
  • Kollettivo Antimilitarista Anarchico – Pordenone, “27 Giugno 98: Giornata Nazionale contro le Basi Militari”, Umanità Nova, 23 (1998). [Acessar]
  • Federazione Anarchica Italiana, “Manifestazione contro la guerra e contro il militarismo” (2001). [Acessar]

Espanha:

  • Confederación General del Trabajo (CGT), 25 Aniversario del Congreso de Unificación, 1984-2009 (2009). [Baixar]
  • Joselito, “Movimiento 15M”, Anarquismo, anarcosindicalismo y otros temas sobre el movimiento libertario (2018). [Acessar]
  • Pablo Elorduy y Héctor Rojo Letón, “Reportaje sobre el Movimiento 15-M” (2011). [Acessar]
  • Agência de Notícias Anarquistas (ANA), “José Luis García Rúa: ‘Acabar com o sistema é a solução’” (2011). [Acessar]
  • Alfredo Pascual, “Del 8M a Amazon: CNT y CGT resucitan a costa de los dinosaurios sindicales”, El Confidencial (2018)[Acessar]
Día de la Mujer: El 82% de los españoles cree que hay motivos para ...

França:

  • Guillaume Davranche, “Ce que Décembre 95 a changé”, Alterative Libertaire (2005). [Acessar]
  • Le Monde Libertaire, “Le CPE Contrat de Précarité et d’Esclavage” (2006). [Acessar]
  • Daniel Pinos, “Jours de Grève à la Sorbonne Nouvelle”, Le Monde Libertaire (2006). [Acessar]
  • Confédération Nationale du Travail – France (CNT-F), “Après le 19 mars, soyons responsables : construisons la grève reconductible!” (2009). [Acessar]
  • Alterative Libertaire, “Mouvement social de 2010” (2010). [Acessar]
  • “Recueil de Textes Anarchistes à Propos du Mouvement des Gilets Jaunes” (2019). [Baixar]
  • Alternative Libertaire, “Communistes libertaires et gilets jaunes” (2018). [Acessar]

7.2.3 PROPAGANDA ANARQUISTA NA FRANÇA, NA ITÁLIA E OUTRAS EXPERIÊNCIAS EUROPEIAS

Dentre as organizações flexíveis, cumpre destacar o papel que tiveram, no campo da propaganda anarquista, as federações anarquistas francesa e italiana (FAF e FAI). Entre 1990 e 2019, a FAF, articulando cerca de uma centena de grupos federados, publicou mais de mil edições de seu jornal Le Monde Libertaire [https://www.monde-libertaire.fr/], manteve programações diárias na rádio (FM e online) Radio Libertaire [https://br.radio.net/s/radiolibertaire], além da livraria Publico com um espaço público, em Paris [https://www.librairie-publico.com/], e da editora Les Éditions du Monde Libertaire [http://editionsmondelibertaire.org/]. Nesse mesmo período, a FAI publicou semanalmente seu jornal Umanità Nova [http://www.umanitanova.org/] e diversos livros pelas Edizioni Zero in Condotta [https://www.zeroincondotta.org/].

Outras experiências marcantes na Europa foram: o jornal e a federação anarquista Class War na Inglaterra (1983-2011); a escola Bonaventure, na França, que educou crianças entre 1993 e 2001 sob os princípios da pedagogia libertária; o trabalho de arquivo e difusão da cultura libertária da Fundação Anselmo Lorenzo, na Espanha; comunidades anarquistas ou influenciadas pelo anarquismo, como Spezzano Albanese na Itália e squats em Barcelona.

  • Benjamin Franks and Ruth Kinna, “Contemporary British Anarchism: L’anarchisme britannique contemporain”, Lisa (2014) [Baixar]
  • Libcom (ed), “Class War newspaper”. [Acessar]
  • Fédération Anarchiste [Francophone] (FAF), Bonaventure, une école libertaire: Premiers pas d’une république éducative (Paris, 1995).
  • Agência de Notícias Anarquistas (ANA), “Bonaventure, uma escola libertária: entrevista com Thyde Rosel” (2002). [Acessar]
  • Site da Fundação Anselmo Lorenzo: https://fal.cnt.es/.
  • Libertarian Socialism Wiki, “Spezzano Albanese”. [Acessar]
  • David Rappe e Guillaume Burnod, Spezzano A. — Documentário (2002). [Assistir]
  • Natalia López e Carlos Garcia, “Anarquismo y Okupación” — reportagem (sem data). [Assistir]
  • Televisión Nacional de Chile, “Documental Okupacion en Barcelona y Alrededores” (1990s). [Assistir]

7.3 LESTE EUROPEU

7.3.1 ANARCOSSINDICALISMO NA RÚSSIA E CONFLITOS FINAIS DA UNIÃO SOVIÉTICA

Na Rússia, os anarcossindicalistas da Confederação de Anarcossindicalistas (KAS), formada em 1989, tiveram um papel importante nos conflitos que envolveram o fim da União Soviética. Chegaram rapidamente às centenas de membros, conformando-se como a maior organização nacional da esquerda não comunista, mas logo entrou em crise, desmembrando-se. Desse processo surgiu, na Sibéria, a Confederação Siberiana do Trabalho (SKT), que em meados dos anos 1990 chegou a alguns milhares de membros e teve impacto nas lutas sociais da região.

  • Alex Chis, “Interview: ‘Beginning of the KAS in Russia’ / ‘Russian Confederation of Anarcho-Syndicalists’”, Independent Politics, 5/6 (1994). [Acessar]
  • Laure Akai and Mikhail Tsovma, “Russian Anarchism: After the Fall”, Anarkismo.net (2005). [Acessar]
  • Andrew Flood, “The Syndicalist SKT Union in Siberia”, Anarchist Writters (2008). [Acessar]

7.3.2 REVOLTA DE 2008 E MOVIMENTO CONTRA A AUSTERIDADE (2010-2012) NA GRÉCIA

Foi na Grécia que se deram as realizações e episódios mais importantes desta região. Não apenas no intenso período de 1989 a 1995, e nas iniciativas como o Movimento Antiautoritário (AK), de 2003, e seu jornal Babilônia, os inúmeros squats e a tradição em Exarcheia (considerado um bairro anarquista), mas principalmente pelos episódios de 2008, e de 2010-2012.

O assassinato de um jovem anarquista pela polícia, em dezembro de 2008, terminou funcionando como catalizador de uma revolta de amplas proporções, que durante duas semanas contou com manifestações diárias e prolongou-se por praticamente um mês, em Atenas e outras cidades. Na Revolta de 2008, cuja principal força política foi o anarquismo, lojas e outras propriedades foram destruídas ou incendiadas. Centenas de escolas e universidades foram ocupadas e ocorreram ataques a bomba contra bancos, prédios governamentais e vários departamentos de polícia. Essa revolta abriu uma onda de protestos contra a enorme crise econômica, política e social, que, entre 2010 e 2012, teve seu pico, com imensas mobilizações que tiveram também participação importante dos anarquistas.

  • Nicholas Apoifis, “Fuck May 68, Fight Now!”. Athenian Anarchists & Anti-authoritarians: Militant Ethnography & Collective Identity Formation (2014). [Baixar]
  • A.G. Schwarz, Tasos Sagris and Void Network (eds), We Are an Image from the Future: The Greek Revolt of December 2008 (Oakland, 2010). [Baixar]
  • Antonis Vradis and Dimitris Dalakoglou, Revolt and Crisis in Greece: Between a Present Yet to Pass and a Future Still to Come (Oakland, 2011). [Baixar]
  • Kostis Kornetis, “No More Heroes? Rejection and Reverberation of the Past in the 2008 Events in Greece”, Journal of Modern Greek Studies, 28 (2010). [Baixar]
  • Rosa Vasilaki, “‘We Are an Image From the Future’: Reading back the Athens 2008 Riots”, Acta Scientiarum, Education, 39 (2017). [Baixar]
  • Acácio Augusto, Política e Antipolítica: anarquia contemporânea, revolta e cultura libertária (2013). [Acessar]
  • Wikipedia, “Anti-Austerity Movement in Greece”. [Acessar]
  • Alex King and Ioanna Manoussaki-Adamopoulou, “Inside Exarcheia: the self-governing community Athens police want rid of”, The Guardian (2019). [Acessar]
2008 Greek riots - Photos - The Big Picture - Boston.com

7.4 AMÉRICA DO NORTE

7.4.1 “SINDICALISMO DE SOLIDARIEDADE”, PROPAGANDA ANARQUISTA E OUTRAS EXPERIÊNCIAS NORTE-AMERICANAS

Quando passamos à América do Norte, temos o destacado caso dos Estados Unidos, país que nos anos em questão contou com algumas experiências organizativas mais amplas. Destacam-se organizações como Love and Rage (também presente no México, “Amor y Rabia”), Workers’ Solidarity Alliance (WSA), North Eastern Federation of Anarchist Communists (NEFAC, também presente no Canadá), Black Rose Anarchist Federation (BRAF), e de centenas de coletivos do Food Not Bombs com presença anarquista.

  • Roy San Filippo (ed) A New World in Our Hearts: Eight Years of Writtings from the Love and Rage Revolutionary Anarchist Federation (Oakland, 2003). [Baixar]
  • Love and Rage Revolutionary Anarchist Federation (LRRAF), “Member Handbook” (1997). [Baixar]
  • Site da Workers Solidarity Alliance: https://workersolidarity.org/.
  • Anônimo, “The History of NEFAC in Quebec City, 2001-2008” (2009). [Acessar] [Em espanhol, “La Historia de NEFAC en la ciudad de Quebec, 2001-2008” (2009).] [Acessar]
  • Penny Howard and Josh Brown, “Interview with Roundhouse Collective of NEFAC”, Left Turn (2002). [Acessar]
  • Site da Black Rose Anarchist Federation (BRAF): https://blackrosefed.org/.
  • Chris Crass, “Towards a Non-Violent Society: a position paper on anarchism, social change and Food Not Bombs”, The Anarchist Library (1995). [Acessar]

Caso bem interessante foi o do Industrial Workers of the World (IWW), que se dedicou a organizar setores de trabalhadores com pouco interesse dos grandes sindicatos do país. Com alguns milhares de membros no país, e inserção em diversos locais de trabalho, em especial nos setores de comércio e serviços (reciclagem, assistência social, tecnologia, alimentação etc.) e alguns setores mais amplos (educação e construção, por exemplo), o IWW tem promovido o que chama de “sindicalismo de solidariedade” [solidarity unionism]. Este se caracteriza pela construção, por parte dos trabalhadores, de um sindicato vibrante e com atuação permanente; no seio de campanhas e reivindicações e negociações diretas com os patrões, muitas vezes em lojas pequenas, em geral buscam representação formal, por meio de eleições conduzidas pelo organismo governamental National Labor Relations Board (NLRC). Provavelmente, as experiências mais interessantes do período estão nos restaurantes e lojas de fast-food.

  • Fred Thompson and Jon Bekken, The Industrial Workers of the World: It’s First 100 Years (Cincinnati: 2006)
  • Erik Forman, “Revolt in Fast Food Nation: The Wobblies Take on Jimmy John’s”, Immanuel Ness (ed), New Forms of Worker Organization: The syndicalist and autonomist restoration of class-struggle unionism (Oakland, 2014). [Baixar]

No campo da propaganda, a iniciativa que parece ter mais se destacado nesses anos foi aquela do coletivo CrimethInc, que possui mais de 20 anos e tem se espalhado para outros países. Define-se como um think tank que produz ideias e ações incitantes, que põe questões fatais para as dominações da atualidade. Tem um trabalho bastante completo na produção de livros, jornais, cartazes, vídeos, podcasts e presença nas redes sociais – com muito material que pode ser reproduzido por outras pessoas. [https://crimethinc.com/] A esta iniciativa somam-se a das editoras AK Press [https://www.akpress.org/] e PM Press [https://www.pmpress.org/] que, no período em questão, publicaram centenas de livros, assim como as revistas Fifth Estate [https://www.fifthestate.org/] — que, nas três décadas analisadas, publicou 62 números — e Anarchy: A Journal of Desire Armed [https://anarchymag.org/].

No campo acadêmico, destacam-se o Instituto de Estudos Anarquistas (IAS), fundado em 1996, que edita o periódico Perspectives on Anarchist Theory e, desde seu surgimento, já financiou mais de 100 pesquisadores de várias partes do mundo. [https://anarchiststudies.org/] No campo tecnológico, o coletivo Riseup, com participação anarquista, tem oferecido ferramentas seguras para o armazenamento de dados e a comunicação entre militantes. [https://riseup.net/pl/about-us]

Sobre a América do Norte e o Canadá em geral, algumas referências podem ser mencionadas:

  • David Graeber, “The Rebirth of Anarchism in North America (1957-2007)”, HAOL, 21 (2010). [Baixar]
  • CrimethInc., “Scene Report: Anarchism in Canada” (2012). [Baixar]
  • Émilie Breton, Sandra Jeppesen, Anna Kruzynski and Rachel Sarrasin, “Les féminismes au coeur de l’anarchisme contemporain au Québec: des pratiques intersectionnelles sur le terrain”, Intersectionnalités, 28 (2015). [Baixar]
  • Francis Dupuis-Déri, “Pistes pour une histoire de l’anarchisme au Québec”, Bulletin d’histoire politique, 16 (2008). [Baixar]

7.4.2 REBELIÃO DE OUTUBRO (2007) E OCUPPY WALL STREET (2011) NOS ESTADOS UNIDOS

Entretanto, cumpre notar que a presença anarquista nos EUA é bastante significativa, e se encontra em grande parte fora dessas organizações. Ela mostrou-se bem evidentemente em lutas que, em certa medida, deram continuidade ao movimento “antiglobalização”, como a Rebelião de Outubro, em 2007, contra o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

E também no chamado Occupy Wall Street, de 2011, que, influenciado pelas mobilizações europeias, concentrou-se em Nova York – onde centenas, algumas vezes milhares, de pessoas protestaram em marchas de proposto e um grupo permaneceu acampado no Parque Zuccotti – e espalhou-se por todo o país, e mesmo para outros. Sob o slogan “Somos os 99%”, o movimento questionou diretamente a desigualdade social, a desregulação do mundo financeiro e o controle das multinacionais capitalistas. O anarquismo foi a maior inspiração ideológica do movimento, já que praticamente 39% dos organizadores do movimento se autodefiniam como anarquistas e outros 33% tinham concepções políticas essencialmente anarquistas, ainda que não se intitulassem dessa maneira, o que significa que 72% dos organizadores tinham posições explicitamente anarquistas ou libertárias.

  • Mark Bray, Translating Anarchy: The Anarchism of Occupy Wall Street (Winchester/Washington, 2013). [Baixar]
  • David Bates, Matthew Ogilvie and Emma Pole, “Occupy: In Theory and Practice”, Critical Discourse Studies (2016). [Baixar]
  • David Graeber, “Occupy’s Anarchist Roots”, Al Jazeera (2011). [Baixar]
  • John L. Hammond, “The Anarchism of Occupy Wall Street”, Science & Society, 79 (2015). [Baixar]
  • Agência de Notícias Anarquistas (ANA), “Erica Lagalisse: Participação e influências anarquistas no Movimento ‘Occupy Wall Street’” (2011). [Acessar]
Occupy Wall Street comemora um ano - Notícias - Notícias - Band.com.br

7.5 AMÉRICA LATINA

7.5.1 ESPECIFISMO E SEUS DESDOBRAMENTOS NO URUGUAI, NO BRASIL E NA ARGENTINA

Ao discutirmos a América Latina, um caso de bastante destaque é o chamado especifismo, promovido pela Federação Anarquista Uruguaia (FAU). Nos anos em questão, a FAU, que possui uma sede e uma gráfica próprias, desenvolveu trabalhos importantes nos campos: sindical (gráficos, educação, professores, taxistas, transportes, correios, ferroviários e outros), comunitário (dentre os quais se destacam as experiências dos ateneus, como o histórico Ateneu do Cerro, que, além de fomentarem a organização e os conflitos territoriais, tiveram atividades de rádios comunitárias), estudantil (participando de conflitos significativos, como as ocupações de escolas ocorridas em 1992 e 1996).

  • Anarchism and the Platformist Tradition, “Especifismo Anarquista”. [Acessar]
  • Adam Weaver, “Especifismo: The Anarchist Praxis of Building Popular Movements and Revolutionary Organization in South America”, Anarchism and the Platformist Tradition (2010). [Acessar] [Em português, “Especifismo: a Práxis Anarquista de Desenvolver Movimentos Sociais e de Organização Revolucionária”]. [Acessar]
  • Site da Federação Anarquista Uruguaia (FAU): http://federacionanarquistauruguaya.uy/.
    • Publicações da FAU com um pouco de sua história contemporânea: Lucha Libertaria [Acessar] e Solidaridad: Periódico Obrero Popular [Acessar].

Desde os anos 1990, a FAU exerceu influência considerável em quase todos os países sul-americanos, com destaque para Brasil e Argentina. No campo político, estimulou, nesse período, o surgimento de diferentes organizações anarquistas e sua articulação numa Coordenação Anarquista Latino-Americana (CALA). No Brasil, foi onde os frutos desse trabalho mais se desenvolveram: a fundação da Federação Anarquista Gaúcha (FAG), em 1995 — a qual, durante a primeira metade dos anos 2000, teve um papel relevante no Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), iniciativa que, à época, agregava centenas de cooperativas e dezenas de milhares de catadores –, e da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), em 2012, são marcos centrais. Formou-se, inclusive, uma dissidência do especifismo, de menor expressão: a União Popular Anarquista (UNIPA). Também foi central nesse processo a Argentina, por meio de expressões como Organización Socialista Libertária (OSL), AUCA e Federación Anarquista de Rosário (FAR). Outros países sul-americanos também foram influenciados, dentre os quais: Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela.

Brasil

  • Organização Anarquista Socialismo Libertário (OASL) e Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) / Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), “Elementos Para uma Reconstituição Histórica de Nossa Corrente”, Anarkismo.net (2012). [Acessar]
  • Federación Anarquista Uruguaya (FAU), “Reportaje a un militante de la Federación Anarquista Gaúcha (FAG)”, Lucha Libertaria (2004). [Acessar]
  • Site da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB): http://cabanarquista.org/.

Argentina

  • En la Calle. En la Calle: una lectura anarquista de la crisis neoliberal en Argentina (1997-2007). Buenos Aires: Madreselva, 2012.
  • Organización Socialista Libertaria (OSL), “Proyecto OSL Argentina – Nueva Casa Para los y las Libertarias en Argentina, A-Infos (2005). [Acessar]
  • AUCA, “Que es AUCA, nuestra práctica y documientos”. [Acessar]
  • Site da Federação Anarquista de Rosário (FAR): http://federacionanarquistaderosario.blogspot.com/.

CALA

  • Coordenação Anarquista Latino-Americana, “Comunicado de relançamento da CALA” (2020). [Acessar]

No campo social, os especifistas de diferentes países contribuíram diretamente, a partir de 2003, com a construção do Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA). Como um contrapondo à emergência de governos progressistas na América Latina e ao Fórum Social Mundial, o ELAOPA articulou, em 13 encontros ocorridos em distintos países, um campo combativo e independente de movimentos sociais e sindicais.

  • Combate Audiovisual, “Documentário VI ELAOPA” (2008). [Assistir: parte Iparte IIparte III]
  • Combate Audiovisual, “Documentário VII ELAOPA” (2013). [Assistir]
  • Federación Anarquista Uruguaya (FAU), “I Encuentro Latinoamericano de Organizaciones Populares Autónomas”, Lucha Libertaria (2003). [Acessar]
RESISTÊNCIA POPULAR: O IX ELAOPA E AS LUTAS POPULARES

7.5.2 ARGENTINAZO (2001) E PIQUETEIROS NA ARGENTINA, REVOLTA DOS PINGUINS (2006), DESDOBRAMENTOS (2011-2012) E REVOLTAS DE 2019 NO CHILE

Anarquistas dessa e de outras correntes tiveram papel destacado em alguns episódios centrais das lutas populares latino-americanas. Nos fins de 2001, participaram do Argentinazo, série protestos massivos na Argentina que demonstravam a insatisfação popular frente à enorme recessão que se abatia no país desde 1998, e à tentativa de se estabelecer o estado de sítio no país, quando os conflitos se intensificavam. Sob o lema “Que se vayan todos!”, o movimento levou às ruas dezenas de milhares de pessoas (39 foram assassinadas pela repressão) e estabeleceu assembleias populares nos bairros, derrubou o presidente da república e evidenciou a crise institucional e de representação que se abateu sobre o país. O periódico anarquista En la Calle cobriu o processo e nele exerceu alguma influência.

Nesse levante, os piqueteiros — movimentos de trabalhadores desempregados, que se fortaleciam na segunda metade dos anos 1990, em vários casos assumindo formas bastante libertárias — foram atores de destaque. Naquele mesmo momento, e nos anos que se seguiriam, um grupo de militantes anarquistas teve um papel central na formação e no desenvolvimento de alguns desses movimentos piqueteiros. Tanto militantes organizados, como nos casos da AUCA e da Organização Socialista Libertária (OSL), e também outros sem organização específica. Dentre os mais importantes, todos na região da grande Buenos Aires com várias centenas ou alguns milhares de membros, estão: o MTD (Movimento de Trabalhadores Desempregados) Oscar Barrios; o MTD 1º de Maio e o Movimento Unidade Popular (MUP).

O levante de 2001 motivou ainda a rearticulação da Federación Obrera Regional Argentina (FORA). A partir de 2006, anarquistas também tiveram destacada influência na Federação de Organizações de Base (FOB) – vários destes militantes se agruparam, depois, na Federação Anarcocomunista da Argentina (FACA).

  • En la Calle. En la Calle: una lectura anarquista de la crisis neoliberal en Argentina (1997-2007). Buenos Aires: Madreselva, 2012.
  • José Antonio Gutiérrez Danton, “Voces Anarco-Comunistas del Argentinazo” (5 partes), Anarkismo.net (2011-2012). [Baixar]
  • Natalia Diaz, Anarquismo en el Movimiento Piquetero (Neuquén, 2019). [Baixar]
  • Federación Anarquista de Rosário (FAR) (ed), “Impulso de Nucleos Anarquistas en los Movimientos de Trabajadores Desocupados en Argentina (años 90-actualidad)” (2012). [Acessar]
  • Federación Obrera Regional Argentina (FORA), Consejo Federal, “Historia Reciente y Actualidad Sindical de la FORA Argentina”, CNT, 423 (2020). [Acessar]

No Chile, o movimento estudantil destacou-se em duas oportunidades na luta contra os efeitos da privatização, iniciada ainda durante a ditadura de Pinochet, e disputando com o governo Bachelet o projeto de educação do país. Em 2006, na chamada Revolta dos Pinguins, estudantes colocaram centenas de milhares (talvez 1 milhão) nas ruas e ocuparam 400 escolas. Pressionado, o governo prometeu respostas, mas estas se mostraram inócuas, de modo que, em 2011, o movimento ressurgiu, envolvendo todos os setores da educação chilena e apoio de trabalhadores. 600 escolas foram ocupadas e manifestações levaram, novamente, centenas de milhares às ruas do país. O movimento prosseguiu em 2012 e teve desdobramentos posteriores. De algum modo, todas as correntes anarquistas participam desse processo, mas conseguiram uma influência relevante por meio da Frente Estudantes Libertários (FEL) — que, durante esse processo e depois, viu sua influência se traduzir na eleição para postos importantes do movimento estudantil chileno.

Todas as correntes também participaram da enorme e radicalizada mobilização que se iniciou em outubro de 2019 e foi interrompida em 2020 pela pandemia do Covid-19. Essas Revoltas de 2019, ainda que iniciadas numa luta contra o aumento do transporte, deram corpo à insatisfação popular com inúmeros efeitos do neoliberalismo, todos relacionados à precarização da vida. Não apenas levaram mais de um milhão de pessoas às ruas, mas adotaram táticas combativas de violência democrática, cujo antecedente está na Greve Geral Feminista de 2018, elevando a luta a outro patamar. A repressão e o terror de Estado foram enormes.

O Chile acordou': autora da foto viral que marcou protestos conta ...
  • Beatriz S. Pinochet, “La ‘Revolución Pingüina’ y el Cambio Cultural en Chile”, CLACSO (2007). [Baixar]
  • Dagmar M. L. Zibas, “A ‘Revolta dos Pinguins’ e o novo pacto educacional chileno”, Revista Brasileira de Educação, 13 (2008). [Baixar]
  • Scott Nappalos, “Entrevista con Felipe Ramírez, del FEL de Chile”, Anarkismo.net (2012). [Acessar]
  • Bree Busk, “The Popular Assemblies at the Heart of the Chilean Uprising”, ROAR Magazine (2019). [Acessar]
  • Pablo Abufom, “Los Seis Meses que Transformaron Chile”, Anarkismo.net (2020). [Acessar]
  • Anarkismo.net (ed), “Chile: El Oasis del Caos (y otros textos)” (2019). [Acessar]

7.5.3 COMUNA DE OAXACA (2006) NO MÉXICO E AS JORNADAS DE JUNHO (2013) NO BRASIL

No México, ainda em 2006, conformou-se a Comuna de Oaxaca, uma mobilização enorme que, durante cinco meses, ocupou a cidade, tendo como principal instrumento organizativo a Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO). Desencadeando-se com uma reivindicação salarial dos professores, o movimento cresceu enormemente, com solidariedade de inúmeros setores populares, depois de uma repressão do governo. Chegou a controlar parte da cidade, ocupando permanentemente sua praça central e exigindo a renúncia do governador. Promoveu grandes manifestações, com centenas de milhares de pessoas e, em pelo menos um caso, um milhão; ergueu barricadas e combateu as forças da ordem nas ruas; bloqueou vias, incendiou prédios do governo, ocupou 13 rádios transmitindo sua própria programação; criou a Coordenação de Mulheres de Oaxaca (COMO) para trabalhar suas demandas específicas. Foi duramente reprimido, terminando com 20 mortos e centenas de presos e feridos. Os anarquistas estiveram presentes em todo o processo, tanto na APPO, quanto fora dela. Tiveram uma influência considerável, por meio de iniciativas como o Conselho Indígena Popular de Oaxaca – Ricardo Flores Magón (CIPO-RFM), a Aliança Magonista Zapatista (AMZ) e o espaço La Okupa. Nesse país, destacaram-se também, no período, a participação anarquista na Frente Autêntica do Trabalho (FAT) nos anos 1990, a conformação mais recente da Federação Anarquista do México (FAM), e a mais antiga Biblioteca Social Reconstruir.

  • Marco Estrada Saavedra, “La Anarquía Organizada: las barricadas como el subsistema de seguridad de la Asamblea Popular de los Pueblos de Oaxaca”, Estudios Sociológicos, 28 (2010) [Baixar]. [Em português, “A Anarquia Organizada: as barricadas como o subsistema de segurança da Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca”, Direito & Praxis, 6 (2015).] [Baixar]
  • Sérgio Sánchez, “Anarquía y Corrientes Libertarias en el Movimiento Insurreccional Oaxaqueño”, Rojo y Negro (2007). [Acessar]
  • Gilson Dantas. México Rebelde: Oaxaca, uma comuna do século XXI (São Paulo / Brasília, 2009).
  on Twitter: "14 de junio de 2006 no ...

No México, foi também importante a participação anarquista na construção de “Jornadas Magonistas”, em distintas partes do território do país em 1994, 1999, e praticamente em todos os anos depois de 2000. Dentre vários outros atores, fez parte dessa construção o Colectivo Autonomo Magonista (CAMA).

  • “Ciudad de México: Jornadas Magonistas en octubre”, A-Infos (2004). [Acessar]
  • “Jornada de Difusión del Pensamiento Magonista” (2014). [Acessar]
  • Thierry Libertad, “Entrevista com o “Centro Social Libertario — Ricardo Flores Magón [e Colectivo Autónomo Magonista]”, Divergences (2008). [Acessar]

No Brasil, os anarquistas também tiveram papel importante nas chamadas Jornadas de Junho, em 2013, um movimento iniciado na luta contra o aumento do preço nos transportes públicos, vencedor em várias regiões, mas que terminou ampliando suas pautas. Prosseguindo em diferentes localidades por praticamente um ano, essa ampla revolta, reforçada por greves selvagens e mobilizações de mulheres e LGBTs reivindicando liberdade sexual, teceu duras críticas aos gastos com a Copa do Mundo, aos oligopólios midiáticos, as multinacionais, à violência policial e outras atrocidades. Colocou em xeque a representação política do país, e exigiu melhoria de serviços públicos como saúde e educação. O movimento, que chegou a levar mais de um milhão às ruas em todo o país, e que recebeu apoio massivo da população, teve participação importante de todas as correntes anarquistas, que estiveram presentes no Bloco de Lutas em Porto Alegre, no Movimento Passe Livre em diferentes localidades, assim como nos Black Bloc e outras muitas iniciativas.

  • Wallace de Moraes, 2013: Revolta dos Governados ou, para quem esteve presente, Revolta do Vinagre (Rio de Janeiro, 2018).
  • Pablo Ortellado et alli. Vinte Centavos: a luta contra o aumento (São Paulo, 2013). [Acessar uma resenha]
  • Federação Anarquista Gaúcha (FAG), Pela Força das Ruas: seleção das cartas de opinião da FAG/CAB durante as jornadas de luta de 2013 (Porto Alegre, 2014).
  • Wallace dos Santos de Moraes, Camila Rodrigues Jourdan e Andrey Cordeiro Ferreira, “A Insurreição Invisível: uma interpretação anti-governista da rebelião de 2013/14 no Brasil”, OTAL (2015). [Acessar]
  • Federación Anarquista de Rosário (FAR) (ed), “Movimento Passe Livre y Movilizaciones Populares en Brasil” (2013). [Acessar]

7.6 ÁFRICA SUBSAARIANA

7.6.1 ANARCOSSINDICALISMO E SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO NA NIGÉRIA E EM SERRA LEOA

Na África Subsaariana, destacam-se três realizações. Duas delas vinculadas ao campo do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário. Na Nigéria, a Awareness League (AL), que havia iniciado como um grupo de estudos em meados dos anos 1980, na passagem de 1990 para 1991 tornou-se uma organização anarcossindicalista. Chegou a ter 1 mil membros com presença em 15 estados do sul do país, e fez do antimilitarismo o cerne de sua luta. Foi membro da IWA-AIT de 1996 em diante e terminou em 1999, com o fim do regime militar. Em Serra Leoa, entre 1988 e o início dos anos 1990, conformou-se uma seção do IWW. Primeira experiência de sindicalismo revolucionário no país – que, em 1997, mesmo em meio à guerra civil, agregava mais de 3 mil mineradores de diamante – o IWW Serra Leoa foi destruído com o golpe militar daquele ano, e, sob repressão, suas lideranças tiveram de exilar-se na Guiné.

  • Sam Mbah e I.E. Igariwey, African Anarchism: an exploration of the theory and practice of anarchism on the African continent (Tucson, 1997). [Baixar] [Em português, Anarquismo Africano: a história de um movimento (Rio de Janeiro, 2018)]. [Baixar]
  • Sam Mbah, “Interview”, Libcom (2012). [Acessar]
  • Industrial Workers of the World – Sierra Leone, “Letters” (1997). [Acessar]

7.6.2 PLATAFORMISMO NA ÁFRICA DO SUL E SEUS ARREDORES

A terceira pertencente ao campo do plataformismo, levada a cabo na África do Sul e outros países. Essa tradição remonta à mais antiga Federação de Solidariedade dos Trabalhadores (WSF, 1995-1999) e a um conjunto de grupos subsequentes que, em 2003/2007 fundarão a ZACF. Formando-se na ascensão das lutas que derrotaram o apartheid e combatendo os rumos do nacionalismo emergente, cada vez mais integrado às políticas neoliberais, esses plataformistas, em vários momentos com maioria de negros em suas organizações, tiveram como base a África do Sul, mas conseguiram expandir para outras regiões (Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue). Com presença em trabalhos estudantis (na Universidade Witwatersrand, participando dos protestos de 1993, 1995, 2001), sindicais (na COSATU, com participação nas greves de 1996 e 2008) e em diferentes comunidades periféricas, esses anarquistas fizeram também parte da Workers Library, a partir de 1998, e do Fórum Antiprivatização, desde sua fundação em 2000. Construíram uma uma Escola Política Anarquista, projeto de educação popular enraizado em bairros pobres e de maioria negra. Apesar de modestos em números, destacaram-se pela permanência e pela influência que exerceram no campo teórico.

  • Site do Southern African Anarchist & Syndicalist History Archive (SAASHA): https://saasha.net/.
  • SAACHA, “Some Notes on the Chronology and History of ARM and WSF, 1993-1997” (2017). [Acessar]
  • Leroy Maisiri, Phillip Nyalungu and Lucien van der Walt, “Anarchist/Syndicalist and Independent Marxist Intersections in Post-Apartheid Struggles, South Africa: the WSF/ZACF current in Gauteng, 1990s–2010s”, Globalizations (2020). [Baixar]
  • Dale McKinley, “Interview with Lucien van der Walt on the Anti Privatisation Fórum”, SAHA (2010). [Baixar]
  • Phillip Nyalungu, “Experiences of an Activist and ZACF Anarchist-Communist in Soweto, South Africa, 2002-2012”, Anarchist Studies, 27 (2019). [Acessar]

7.7 NORTE DA ÁFRICA 

7.7.1 PRIMAVERA ÁRABE E IMPACTOS NA TUNÍSIA E NO EGITO

No Norte da África, a Primavera Árabe, que em suas distintas manifestações expressou uma metodologia libertária de ação, estimulou uma retomada do anarquismo na região, bastante marcado por posições feministas. Destacam-se o Egito, onde o Movimento Socialista Libertário foi fundado em 2011, e onde em 2013 já se notava presença de black blocs em protestos no Cairo; e a Tunísia, cujo grupo Comum Libertário, em 2015, sediou uma reunião dos anarquistas mediterrâneos, articulada com a Federação Anarquista francófona (FAF) e a Internacional de Federações Anarquistas (IFA).

  • Laura Galián, “Squares, Occupy Movements and Arab Revolutions”, Carl Levy and Matthew Adams (eds), The Palgrave Handbook of Anarchism (London, 2019). [Baixar]
  • Yeghig Tashjian, “The Fruits of ‘Arab Spring’; Islamism, Anarchism & Feminism”, Strategic Outlook (2013). [Baixar]
  • North Eastern Federation of Anarchist Communists (NEFAC), “Egypt Unrest: Interview with an Egyptian anarchist”, Libcom (2011). [Acessar]
  • Mohammed Bamyeh, “Anarchist Method, Liberal Intention, Authoritarian Lesson: The Arab Spring between three enlightenments”, Barry Maxwell and Raymond Craib (eds), No Gods, No Masters, No Peripheries: global anarchisms (Oakland, 2015). [Baixar]
  • Le Commun Libertaire, Internationale des Fédérations Anarchistes (IFA), Fédération Anarchiste [Francophone] (FAF), “Tunisie, Appel à une Première Rencontre Anarchiste Méditerranéenne! Mars 2015” (2014). [Acessar]

7.8 ORIENTE MÉDIO 

7.8.1 REVOLUÇÃO DE ROJAVA (2012 EM DIANTE) NO NORTE DA SÍRIA (CURDISTÃO)

Mas foi no Oriente Médio que a Primavera Árabe deu seus mais promissores frutos. Num contexto de opressão nacional e efeitos daninhos do neoliberalismo, o povo curdo deu início, em 2012, no norte da Síria, àquela que tem sido chamada de Revolução de Rojava. Fruto de uma longa organização prévia — na qual o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) teve destacado papel –, essa revolução se estabeleceu no momento em que a guerra civil se instalou, e aquela região, recusando-se a apoiar o governo e a oposição, declarou sua autonomia. Graças a uma virada ideológica do PKK, que se deu entre 1995 e 2005, muito influenciada por seu líder Abdullah Ocallan, o processo revolucionário direcionou-se no sentido do confederalismo democrático.

Contra o capitalismo, o Estado e o patriarcado, essa revolução vem tratando de implantar uma sociedade ecológica e multiétnica, com economia autogestionária, democracia de base (sem Estado, fundamentada em comunas e conselhos), e libertação das mulheres. Ademais há soluções libertárias para questões como saúde, educação, solução de conflitos e defesa. Trata-se, sem dúvida, do maior movimento revolucionário antiautoritário do período em questão, e a influência do anarquismo — minoritária, mas existente — pode ser entendida a partir da influência que as obras do anarquista Murray Bookchin exerceram em Abdullah Öcallan, assim como na presença de agrupamentos anarquistas na região, como no caso das Forças Guerrilheiras Internacionais e Revolucionárias do Povo (IRPGF), que operou entre 2017 e 2018, e contou com uma unidade LGBT, o Exército de Insurreição e Libertação Queer (TQILA).

  • Editorial Descontrol (ed), La Revolución Ignorada: liberación de la mujer, democracia directa, y pluralismo radical en Oriente Medio (Barcelona, 2016). [Em português, A Revolução Ignorada: feminismo, democracia direta e pluralismo radical no Oriente Médio (São Paulo, 2016).]
  • Site Solidariedade à Resistência Popular Curda!: https://resistenciacurda.wordpress.com/.
  • CrimethInc, “’The Struggle Is not for Martyrdom but for Life’: A Critical Discussion about Armed Struggle with Anarchist Guerrillas in Rojava” (2017). [Acessar]
  • Clare Maxwell, “Anarchy in the YPG: Foreign volunteers vow Turkish ‘revolution’”, Middle East Eye (2017). [Acessar]
  • Kurdish Question, “Interview with the International Revolutionary People’s Guerrilla Forces”, The Anarchist Library (2017). [Baixar]
  • Anônimo, “Not One Step Back: TQILA-IRPGF Speaks From Rojava”, It’s Going Down (2017). [Acessar]
Anarchists in Rojava announce IRPGF - video dailymotion

7.8.2 OUTRAS INICIATIVAS EM ISRAEL, PALESTINA, TURQUIA, LÍBANO, AFEGANISTÃO E IRÃ

Ainda no Oriente Médio, destacam-se algumas iniciativas, também deste novo milênio. Em Israel, entre 2003 e 2008, os Anarchists Against the Wall (AAW) atuaram em centenas de manifestações em favor da causa palestina e opuseram-se às guerras do Líbano de 2006 e de Gaza em 2008. Na Turquia, desde o início dos anos 2000 o anarquismo fortaleceu-se bastante. Dentre outras realizações, cumpre mencionar a fundação da Devrimci Anarşist Faaliyet [Ação Anarquista Revolucionária] (DAF), em 2007 — federando cinco coletivos e abarcando, além de pautas classistas e a solidariedade com Rojava, a luta contra o patriarcado, a violência de gênero e a destruição do meio ambiente –, assim como alguma contribuição com o Levante Turco de 2013. Por último, as iniciativas do Líbano – como a Alternativa Comunista Libertária, vinculada à Alternative Libertaire francesa, e o novo movimento Kafeh — e a recente aparição da União Anarquista do Afeganistão e do Irã (UAAI).

  • Uri Gordon and Ohal Grietzer (eds), Anarchists Against the Wall: direct action and solidarity with the Palestinian popular struggle (Oakland: 2013). [Baixar]
  • Corporate Watch, “Building Autonomy in Turkey and Kurdistan: an interview with Revolucionary Anarchist Action”, Corporate Watch (2015). [Acessar]
  • CrimethInc, “Turkish Anarchists on the Fight for Kobanê” (2015). [Acessar]
  • “Anarchism in Turkey”, Libcom (2004). [Acessar]
  • Bruno L. Rocha, “An Interview to a DAF Militant About the Solidarity for Rojava Social Process”, Anarkismo.net (2015). [Acessar]
  • Robert Graham, “Lessons From the Turkish Uprising” (2013). [Acessar]
  • Enough is Enough 14, “Interview with #Kafeh, Anarchist Movement in Lebanon” (2020). [Acessar]
  • A Las Barricadas, “Interview with the Anarchist Union of Afghanistan & Iran”, Enough is Enough 14 (2018). [Acessar]
Category: Anarchists Against The Wall

7.9 OCEANIA 

7.9.1 DISPUTA DOS BONDES (1990) NA AUSTRÁLIA E INFLUÊNCIA NO SUL E NO SUDESTE DA ÁSIA

Na Oceania, houve episódios marcantes com participação anarquista, como a Disputa dos Bondes, em 1990, na Austrália (Melbourne). Naquela ocasião, os ferroviários ocuparam estações e tomaram controle das operações, circulando sem cobrar os passageiros, num protesto contra o governo, que queria extinguir a função dos condutores. A Anarcho-Syndicalist Federation (ASF), apesar de sua limitação numérica, teve uma incidência importante nesse conflito e também no debate do transporte público na região. Foi também muito relevante o trabalho da IWA-AIT que, por meio da ASF australiana, decidiu, de 2013 em diante, apoiar o fortalecimento do anarcossindicalismo no Sul e no Sudeste da Ásia. Tais experiências são discutidas em seguida.

  • Dick Curlewis, Anarcho-Syndicalism in Practice: Melbourne Tram Dispute & Lockout (Sydney, 1997). [Acessar]

Outras experiências interessantes neste continente são o Melbourne Anarchist Communist Group, da Austrália [https://melbacg.wordpress.com/], e o Aotearoa Workers Solidarity Movement, da Nova Zelândia [https://awsm.nz/].

7.10 SUL E SUDESTE DA ÁSIA

7.10.1 ANARCOSSSINDICALISMO EM BANGLADESH, NA INDONÉSIA E OUTRAS EXPERIÊNCIAS ASIÁTICAS

Nessa região, ainda que o anarquismo tenha emergido de modo disperso entre os anos 1980 e 2000, foi na década de 2010 que se consolidaram dois casos destacados, ambos vinculados à IWA-AIT. Em Bangladesh, uma corrente anarcossindicalista emergiu de uma crítica ao marxismo, fundando a Federação Anarcossindicalista de Bangladesh (BASF) que, em 2014, contava com 60 grupos federados e 1500 membros; destes, quase metade era de mulheres, várias das quais se articulam no Sindicato de Mulheres Anarcossindicalistas de Bangladesh (BAWU). Na Indonésia, também houve frutos importantes, como a Fraternidade Regional dos Trabalhadores (PPR), uma rede de núcleos em sete regiões do país, e a mais recente Fraternidade de Trabalhadores Anarcossindicalistas (PPAS). Desenvolveram-se, ainda, outras iniciativas menos expressivas na região, em países como Índia, Malásia, Singapura, Filipinas, e Timor Leste.

Enfim, no Extremo Oriente, há um caso destacado no Japão, que é a conformação, em 2004, do Freeter Zenpan Roso, grupo de influência sindicalista revolucionária que vem organizando trabalhadores precários no país.

  • Bangladesh Anarcho-Syndicalist Federation (BASF), “Question & Answers with BASF” (2018). [Acessar]
  • Vadim Damier and Kirill Limanov, “Anarchism in Indonesia”, The Anarchist Library (2017). [Acessar]
  • Vadim Damier and Kirill Limanov, “History of Anarchism in Malaya / Singapore / Malaysia”, The Anarchist Library (2017). [Acessar]
  • John Crump, “The Anarchist Movement in Japan, 1906–1996”, The Anarchist Library (1996). [Baixar]
  • Sabu Kohso, “Freeter Zenpan Roso – Prekäre in Japan”, Direkte Aktion (2008). [Acessar]
Report from 2018 July National Conference of Bangladesh Anarcho ...

8. HISTÓRIA E TEORIA: CLASSE, ECOLOGIA, RAÇA/ETNIA, NACIONALIDADE, GÊNERO E SEXUALIDADE

8.1 RETOMADA NA HISTORIOGRAFIA E PRESENÇA ACADÊMICA E NAS UNIVERSIDADES

Em todas as regiões do globo tem havido um vivido interesse na retomada da história do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário, assim como a tradução de escritos antigos e recentes, e de discussões teóricas sobre inúmeras questões. Sobre esse tema em geral, alguns textos podem ser mencionados.

  • Randall Amster, Abraham DeLeon, Luis A. Fernandez, Anthony J. Nocella, II, and Deric Shannon (eds), Contemporary Anarchist Studies An introductory anthology of anarchy in the academy (London / New York, 2009). [Baixar]
  • Nildo Avelino, “Apresentação: Acerca dos Estudos Anarquistas Contemporâneos”, Política e Trabalho, 36 (2012). [Baixar]

8.2 BANCOS DE DADOS, INSTITUTOS E REDES DE PESQUISA, REVISTAS E PERIÓDICOS, GRUPOS E CONFERÊNCIAS ACADÊMICAS

Certas iniciativas têm sido fundamentais. Bancos de dados físicos, como a Kate Sharpley Library, da Inglaterra [https://www.katesharpleylibrary.net/]; o Centro Internacional de Pesquisas Sobre o Anarquismo (CIRA), da Suíça [https://www.cira.ch/home]; o Instituto Internacional de História Social (IIHS), da Holanda [https://iisg.amsterdam/en]; e virtuais, como os portais na internet Libcom [https://libcom.org/], The Anarchist Library [https://theanarchistlibrary.org/special/index] e Zabalaza Books [https://zabalazabooks.net/]. Institutos e redes de pesquisa, revistas e periódicos, grupos e conferências acadêmicas. São exemplos de iniciativas nesse campo, a Anarchist Studies Network (ASN) [https://anarchiststudiesnetwork.org/], suas conferências internacionais, assim como o periódico Estudos Anarquistas [https://anarchiststudies.org/].

Instrumentos de propaganda e divulgação físicos e virtuais. São exemplos: as Feiras Anarquistas (da Bayarea, nos Estados Unidos [https://bayareaanarchistbookfair.com/]; de São Paulo, no Brasil [https://feiranarquistasp.wordpress.com/historico/]; em Hong Kong [https://www.fifthestate.org/archive/400-spring-2018/hong-kongs-black-book-fair/] etc.); as editoras de livros, como Jura Books (Austrália) [https://jura.org.au/], Freedom Press (Inglaterra) [https://freedompress.org.uk/] e Anarres (Argentina) [http://www.librosdeanarres.com.ar/]; revistas, Rivista Anarchica (Itália) [http://www.arivista.org/] e Ekintza Zuzena (Espanha) [https://www.nodo50.org/ekintza/]; jornais como El Libertario (Venezuela) [https://www.nodo50.org/ellibertario/]; serviços de notícias online, como A-Infos [http://www.ainfos.ca/].

Bay Area Anarchist Bookfair

Produções teóricas em torno de temas como classes sociais, ecologia, raça/etnia, gênero, sexualidade, nacionalidade vêm sendo desenvolvidas, muitas das quais a partir da retomada de contribuições anarquistas clássicas. Nesse amplo movimento, tem-se buscado retomar aspectos que, em grande medida, foram negligenciados, seja o próprio anarquismo e as formas revolucionárias de sindicalismo, o mundo colonial e pós-colonial, ou mesmo os de baixo, negros, indígenas, mulheres e LGBTs.

A seguir há uma lista de alguns exemplos interessantes de estudos nesses campos, que, contudo, estão longe de representar a produção completa desse período. Mas que servem para ilustrar um pouco daquilo que vem sendo feito.

8.3 PRODUÇÕES TEÓRICAS: CLASSES SOCIAIS

Diferentes produções têm desenvolvido um conceito de classes sociais profundamente vinculado a uma concepção de poder, que vai além do âmbito econômico, relacionando a propriedade dos meios de produção (e a exploração do trabalho) com a propriedade dos meios de administração, de controle e de coerção (e a dominação político-burocrática e a coerção física), e com a propriedade dos meios de produção e difusão do conhecimento (e a dominação cultural-ideológica). Explicam, assim, não só o próprio fenômeno do poder, mas a relação que existe entre as distintas formas de dominação no seio das classes sociais que se formam no sistema capitalista e estatista.

  • Alfredo Errandonea, Sociologia de la Dominación, (Montevideu/Buenos Aires, 1989).
  • Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), “Nossa Concepção de Poder Popular”, Socialismo Libertário, 1 (2012). [Acessar]
  • Coordenação Anarquista Brasileira (CAB). “Capitalismo, Estado, Luta de Classes e Violência”, Socialismo Libertário, 4 (2020). [Acessar]
Le Monde Libertaire

8.4 PRODUÇÕES TEÓRICAS: ECOLOGIA

Outras têm trabalhado temáticas vinculadas à ecologia, diferenciando-se do ambientalismo capitalista, oferecendo explicações críticas à crise ambiental planetária, e apontando possibilidades de saída. No caso da ecologia profunda, rompe-se com o antropocentrismo e entende-se que todos os animais e plantas tem o direito de coexistir com a humanidade, numa forma de natureza praticamente intocada. No caso da ecologia social, compreende-se que a maioria dos problemas ecológicos possuem suas raízes na sociedade, e que a crise ambiental não será solucionada sem uma grande transformação do capitalismo contemporâneo e o estabelecimento de limites éticos para a intervenção humana no meio ambiente. Em ambos os casos, rompe-se com a noção de luta humana contra o meio ambiente e entende-se o ser humano como parte da natureza.

  • Murray Bookchin et al., Deep Ecology and Anarchism: a polemic (London, 1997). [Baixar]
  • Murray Bookchin, “What is Social Ecology”, The Anarchist Library (1993). [Baixar]
  • Graham Purchase, Anarchism and Environmental Survival (Edmonton, 2011). [Acessar]
  • Graham Purchase, Anarchism and Ecology (Petersham, 1993). [Acessar]
Anarchy and Ecology | Robert Graham's Anarchism Weblog

8.5 PRODUÇÕES TEÓRICAS: RAÇA/ETNIA E NACIONALIDADE

Diferentes autores têm trabalhado com questões vinculadas à raça, etnia e nacionalidade. Alguns têm inclusive sustentado a noção de “anarquismo negro” e outros vêm considerando fundamental uma “aliança anarcoindígena”. Outros vêm propondo formas de decolonizar o anarquismo. Além do resgate de contribuições anarquistas/sindicalistas nesse campo, outros têm apontado como o racismo vincula-se à emergência do capitalismo e do Estado moderno e foi historicamente utilizado para cindir a classe trabalhadora. E que o imperialismo deve ser entendido como obra das classes dominantes do país opressor sobre todas as classes do país oprimido. Nesse caminho, entendem que a luta contra o racismo, o imperialismo e o neocolonialismo deve ocorrer em bases classistas, antiestatistas e anticapitalistas, ou seja, contrárias ao nacionalismo.

  • Black Rose Anarchist Federation, Black Anarchism: A Reader. [Baixar]
  • Lorenzo Kom’boa Ervin, “Anarchism and Black Revolution”, The Anarchist Library (1993). [Baixar] [Em português, Anarquismo e Revolução Negra (2015).] [Baixar]
  • Alas de Xue, “Aliança Anarco-Indígena: contra o poder e o capital, fortalecer a aliança anarco-indígena”, Protesta!, 3 (2006). [Baixar]
  • Maia Ramnath. Decolonizing Anarchism (Oakland, 2011). [Baixar]
  • Zabalaza Anarchist Communist Front (ZACF), “Fighting and Defeating Racism” (2010). [Acessar]
  • Zabalaza Anarchist Communist Front (ZACF), “Anti-Imperialism and National Liberation” (2010). [Acessar]
The Black Anarchism Reader

8.6 PRODUÇÕES TEÓRICAS: GÊNERO E SEXUALIDADE

Outros, especialmente mulheres e LGBTs, têm trabalhado gênero e sexualidade, num diálogo crítico com a produção intelectual existente (feminismos interseccional, classista, radical, teoria queer etc.). Estabelecem não apenas uma crítica ao próprio campo anarquista/sindicalista — que, apesar de sua concepção contrária a todas as formas de dominação, não raro foram incapazes de superar as práticas opressoras em de suas próprias estruturas –, mas também projetos transformadores com centralidade nas questões de gênero e sexualidade. Têm buscado explicar a relação entre tais questões e o sistema capitalista e estatista, além de sua relação com as classes e as identidades.

  • Dark Star (ed), Quiet Rumors: an Anarcha-Feminist Reader (Oakland, 2002). [Baixar]
  • Ruth Kinna, “Anarchism and Feminism”, Nathan Jun (ed), Brill’s Companion to Anarchism and Philosophy (Leiden/Boston, 2018). [Baixar]
  • C.B. Darring et al., Queering Anarchism: addressing and undressing power and desire (Oakland, 2012). [Baixar]
Chile] Santiago: 1º Encontro anarcofeminista | 28 setembro

8.7 PRÁTICAS VINCULADAS A ESSAS QUESTÕES TEÓRICAS

Paralelamente a essas discussões teóricas, tem havido, em muitos países, inúmeras iniciativas vinculadas a essas mesmas questões. O caso mais interessante parece ser o da Revolução de Rojava que, em certo sentido, vem encampando todas essas questões. Mas há muitos outros casos. Lutas classistas têm sido levadas a cabo pela maioria das organizações sindicalistas revolucionárias, anarcossindicalistas e anarquistas, mobilizando trabalhadores formais e informais, assalariados e precarizados. Muitas dessas mesmas organizações possuem, também, trabalho vinculado a lutas ecológicas, antirracistas, anti-imperialistas, feministas etc. Ao mesmo tempo, outras organizações, coletivos e grupos de afinidade – alguns dos quais já mencionados – vêm se dedicando mais especificamente a essas questões.

Por exemplo, nos Estados Unidos, iniciativas como Earth First [http://www.earthfirst.org/], Earth Liberation Front [http://www.originalelf.com/earthlib.htm] e grupos de defesa dos animais têm encampado lutas ecológicas e promovido o veganismo, assim como o Instituto pela Ecologia Social [https://social-ecology.org/wp/]; movimentos como Pessoas Anarquistas de Cor (APOC) [http://www.coloursofresistance.org/tag/anarchist-people-of-color/], agregando ex-membros anarquistas dos Panteras Negras, vêm se dedicando à luta antirracista, assim como, na África do Sul a corrente WSF-ZACF. Na Colômbia, o coletivo Alas de Xue, e no México, os coletivos Conselho Indígena Popular de Oaxaca — Ricardo Flores Magón (CIPO-RFM) [https://www.nodo50.org/cipo/] e a Aliança Magonista Zapatista (AMZ) vêm enfatizando a luta contra opressão das populações tradicionais e indígenas. Em diversos países, anarquistas/sindicalistas se mobilizaram na luta contra o imperialismo norte-americano nas Guerras do Golfo, do Afeganistão e do Iraque. Em Israel, os AAW contribuíram na luta pela libertação nacional da Palestina. Em diferentes países do Oriente Médio e no Norte da África – algo que acontece também, em maior ou menor medida, em todos os continentes – tem havido um grande engajamento nas lutas feministas. Tais são os casos do BAWU, de Bagladesh, das Mujeres Creando, da Bolívia [http://mujerescreando.org/], e do Grupo Anarcofeminista Revolucionário (RAG), da Irlanda [http://ragdublin.blogspot.com/]. Estes dois últimos – e outros, como o Fag Army [Exército Gay], da Suécia – também vêm encampando lutas contra a homofobia e a transfobia.


9. OUTRAS FONTES RELEVANTES

O projeto “Anarchism: A Documentary”

Há 10 anos atrás, um sul-africano e uma austríaca passaram por distintas partes do mundo fazendo entrevistas com anarquistas e, recentemente (2020), começaram a disponibilizá-las integralmente na internet.

[Acessar os vídeos]

Eles também fizeram uma pesquisa on-line em 2010 com anarquistas de distintos países, verificando perfil, ideias, concepções etc. Levadas em conta as devidas preocupações metodológicas apontadas pelos realizadores da pesquisa (respostas espontâneas, quase totalidade de respondentes dos Estados Unidos e Europa Ocidental de fala inglesa etc.) é uma fonte interessante. Permite aprofundar o conhecimento desse universo anarquista do Eixo Atlântico Norte (em especial dos países de fala inglesa):

[Acessar a pesquisa]

Alguns outros livros:

  • Robert Graham, Anarchism: A Documentary History of Libertarian Ideas. Vol. 3: The New Anarchism (1974-2012) (Montreal, 2013) [Baixar]
  • Ruth Kinna (ed), The Continuum Companion to Anarchism (London / New York, 2012). [Baixar]
  • Nathan Jun (ed), Brill’s Companion to Anarchism and Philosophy (Leiden/Boston, 2018).