Lucien van der Walt, “Anarquismo Global e Sindicalismo de Intenção Revolucionária: teoria, história e resistência”

A análise a seguir é uma transcrição, levemente editada, de uma palestra proferida pelo autor em 2 de novembro de 2010 no Espaço Ay Carmela, localizado na Rua das Carmelitas, em São Paulo. Este artigo oferece uma perspectiva global da história e da teoria do anarquismo e do sindicalismo de intenção revolucionária. De um lado, ele contesta posições que tratam o anarquismo como simples “antiestatismo” ou como “impulso” humano natural. De outro, ele sustenta que essa ideologia é uma tradição socialista da classe trabalhadora, que remonta à Associação Internacional dos Trabalhadores, mais conhecida como Primeira Internacional (1864-1877). Desde o início um movimento internacional – em termos de intenção, concepção e composição –, o anarquismo se fundamentou em um conjunto de ideias socialistas, racionalistas e modernas e, por volta de 1940, já tinha desenvolvido uma poderosa base de apoio em muitas regiões do mundo. O anarquismo espanhol foi, sem dúvida, importante, como também a Revolução Espanhola anarquista de 1936-1939, mas a Espanha se destacou como berço de apenas um de vários movimentos de massa anarquistas e sindicalistas. Barcelona foi somente um dos elos de uma corrente de redutos vermelhos e negros de anarquistas e sindicalistas, e a Revolução Espanhola despontou apenas como uma de numerosas e importantes rebeliões, ensaios revolucionários e efetivas revoluções sociais, em que o anarquismo e o sindicalismo de intenção revolucionária desempenharam papel decisivo. Embora a atenção do público tenha sido atraída pelas ações espetaculares da ala “insurrecionalista”, marginal no movimento, o que predominou entre os anarquistas foi a abordagem “de massas” – fundamentada na organização e na educação pacientes das massas. A imersão do anarquismo em movimentos de massa – especialmente por meio do sindicalismo de intenção revolucionária, das lutas camponesas e em defesa dos direitos civis, do combate ao racismo e à opressão das mulheres, das lutas anticoloniais e anti-imperialistas – também pode ser apreciada, adequadamente, em perspectiva global. A história fecunda do movimento não deve ser confundida com a história propagandística e mitológica do anarquismo, promovida retrospectivamente por certas correntes do movimento, com base em alegações de que o “anarquismo” existiu durante toda a história da humanidade, como uma tendência “natural”, e outras presunções desse tipo.

* Baixe o artigo completo aqui: Lucien van der Walt – Anarquismo Global e Sindicalismo de Intenção Revolucionária