Wayne Price. “A Crise Mundial e uma Resposta Anarquista”

A CRISE MUNDIAL E UMA RESPOSTA ANARQUISTA

Wayne Price

 

O QUE VEM A SEGUIR?

Enfrentando uma crise econômica de proporções históricas mundiais, a pior desde a Grande Depressão, os Estados Unidos já responderam com mudanças políticas marcantes, principalmente a eleição do primeiro presidente africano-americano. O que provavelmente acontecerá no futuro e qual deve ser a resposta dos anarquistas revolucionários da luta de classes?

 

A CRISE

Economicamente, o que teve início é uma recessão profunda, longa e mundial – ou um colapso em uma segunda Grande Depressão, possivelmente pior do que a primeira.

De qualquer forma, um grande número de trabalhadores e suas famílias estão sofrendo e enfrentarão mais sofrimento, com desemprego, subemprego, perdas de suas casas, perda do patrimônio que tinham em suas casas e incapacidade de pagar os cuidados de saúde (questão de vida ou morte). Enquanto isso, a crise econômica teve um efeito desastroso sobre os orçamentos de cidades, estados e agências federais, com cortes nos serviços públicos em todos os níveis. Isso afeta diretamente os empregos dos funcionários públicos. Mas também afeta todos que dependem dos serviços públicos (ou seja, todos), especialmente porque as necessidades sociais aumentam em tempos difíceis. Algumas cidades já estão pedindo seus próprios resgates federais. A desindustrialização dos EUA continua.

Em sua coluna regular para o New York Times, o economista liberal e ganhador do Prêmio Nobel, Paul Krugman, escreve: “As notícias econômicas (…) continuam piorando (…). Não espero outra Grande Depressão (…). Estamos, no entanto, bem no reino do que chamo de economia da depressão. Com isso, quero dizer um estado de coisas como o dos anos 1930 em que os instrumentos usuais de política econômica – acima de tudo, a capacidade da Reserva Federal de estimular a economia cortando as taxas de juros – perderam toda força (…). Não há nada que impeça a economia descer ladeira abaixo. O aumento do desemprego levará a mais cortes nos gastos do consumidor, que a Best Buy alertou esta semana que já sofreu um declínio “sísmico”. Os baixos gastos dos consumidores levarão a cortes nos planos de investimento empresarial. E o enfraquecimento da economia levará a mais cortes de empregos, provocando um novo ciclo de contração” (NYTimes, 14/11/08; p. A33). Ele defende um rápido “grande pacote de estímulo (…) da ordem de US$ 600 bilhões” além do resgate anterior, e se pergunta, incerto: “Será que o pessoal do Obama se atreverá a propor algo nessa escala?” (ibid).

As causas mais profundas por trás da crise vão muito além dessa análise liberal. Elas requerem uma análise marxista, desenvolvida pelo marxismo libertário e outras tendências. Essencialmente, o sistema é incapaz de produzir riqueza real (valor) suficiente para manter a lucratividade (mais-valia). Ele escondeu essa dificuldade ao “produzir” grande quantidade de (o que Marx chamou) “capital fictício”, direitos sobre a riqueza que não correspondem a nenhuma riqueza real (mercadorias e serviços reais). Isso inclui montanhas de dívidas, lucros obtidos com trabalho improdutivo (como a fabricação de mísseis e outros armamentos, que, ao contrário dos carros e da produção de aço, não entram novamente no ciclo de produção, sendo como cavar buracos e preenchê-los novamente) e diversas formas de especulação, além de esgotar o meio ambiente sem reconstituí-lo (forma de “acumulação primitiva”, também chamada de “saqueio do futuro”). Em algum momento, a conta certamente chegaria (para mais informações, consulte L. Goldner, home.earthlink.net; R. Tabor, The Utopian No. 7, www.utopianmag.com; LRP, www.lrp-cofi.org).

A crise econômica, portanto, não é distinta da crise ecológico-energética-ambiental. Essencialmente, são apenas dois aspectos da decadência do capitalismo industrial. O cientista climático chefe da NASA, James Hansen, testemunhou ao Congresso (seja lá qual o efeito positivo disso) que estamos nos aproximando rapidamente de um ponto de inflexão, com mudanças climáticas irreversíveis e cataclísmicas, envolvendo “extinção em massa, colapso do ecossistema e aumento dramático do nível do mar” (citado em The Nation, 17/11/08; p. 7). Esta semana, a ONU divulgou um relatório de que há uma nuvem acastanhada de produtos químicos tóxicos, fuligem e poluição que está cobrindo grandes áreas da Ásia, desde a península Arábica ao Japão, às vezes, envenenando os pulmões de milhões de pessoas e prejudicando a agricultura (NYTimes, 14/11/08; p. A6).

 

REAÇÕES À CRISE: LIBERALISMO E SOCIALISMO REFORMISTA

A eleição de Obama foi uma virada à esquerda da população dos Estados Unidos, não apenas como eleição de uma oprimida “minoria” racial, mas também como a rejeição de décadas de políticas republicanas de extrema direita (não apenas sobre economia, saúde e o meio ambiente, mas também sobre a guerra do Iraque). Isso apesar da moderação explícita de Obama, e que ele inclui, como parte de seu programa de “mudança“, uma rejeição da “bipartidária” disputa esquerda-direita / democrata-republicana. A virada dos trabalhadores para a esquerda não significa que eles se tornaram contra o capitalismo – o que é conhecido como “o mercado“. Eles são contra as partes aparentemente ruins do capitalismo, não o sistema como um todo. Para ter certeza, a distinção entre os partidos Democrata e Republicano distorce qualquer debate real esquerda-direita. Por exemplo, a indignação popular (justificada) com o resgate de US$ 700 bilhões aos banqueiros foi canalizado principalmente pela ala direita do Partido Republicano, enquanto o resgate foi defendido por Obama e pelos democratas.

O que tem sido popularmente rejeitado é a ideia conservadora de que “o mercado” deve funcionar sem supervisão e regulamentação governamental, para não falar de intervenção. Em vez disso, existe o programa liberal de regulação estatal e subsídio às corporações. A ala esquerda dos liberais clama por um “novo New Deal“, o que significa muita regulamentação, socorros às corporações, além de projetos patrocinados pelo governo, como o Works Progress Administration (WPA) do New Deal e / ou Civilian Conservation Corps ( CCC). O WPA pagava trabalhadores desempregados para limparem áreas públicas, construirem prédios e fazerem pequenas produções teatrais – e era bastante descentralizado na organização. O CCC contratou jovens para construirem nas florestas e parques e foram organizados em uma base quase militar (para prepararem os jovens para a próxima guerra, eles disseram).

Sem dúvida, existem muitas maneiras pelas quais as obras públicas seriam úteis. A infraestrutura nacional deve ser substituída. Projetos ecológicos são urgentemente necessários. A expansão dos serviços públicos ajudaria as pessoas com necessidades médicas, educacionais e de emprego. A vida se tornaria menos dolorosa para muitos. Porém, isso não é a mesma coisa que por fim a uma recessão profunda, quanto mais outra Grande Depressão. A última Grande Depressão não foi curada pelo New Deal. Durou mais de uma década e só terminou com a Segunda Guerra Mundial. Isso mostra as limitações de um “novo New Deal”, mesmo que fosse politicamente viável.

Um pouco mais à esquerda estão os socialistas reformistas (socialdemocratas ou “socialistas democráticos”, que são considerados socialistas de Estado gradualistas). Eles concordam com os conservadores que intervenções governamentais sinalizam em direção ao “socialismo” – exceto que enquanto a direita condena, os socialistas reformistas estão satisfeitos com isso. Na verdade, as intervenções do governo na economia capitalista são mais bem entendidas como medidas “capitalistas de Estado”, não socialistas. A economia permaneceria nas mãos de uma pequena minoria de capitalistas e burocratas, e não é publicamente (socialmente) propriedade dos membros da sociedade.

Provavelmente haverá um aumento de socialistas reformistas, à medida que o capitalismo se tornar desacreditado entre uma parcela significativa de trabalhadores. O reformismo é uma categoria que se sobrepõe aos marxistas-leninistas. Apesar dos leninistas quererem um novo Estado para substituir o existente, bem como uma economia completamente estatizada (isto é, capitalismo de Estado), muitos dentre eles defendem uma abordagem gradualista para este fim e historicamente apoiaram o Partido Democrata (tem sido a principal política do Partido Comunista dos EUA).

Quer sejam “socialistas democráticos” ou marxistas-leninistas, é provável que haja um crescimento de uma variedade de socialistas reformistas. Eles se voltarão para o Partido Democrata na prática, enquanto talvez murmurem sobre um eventual partido independente ou um partido operário, algum dia (como defendido pela maioria dos trotskistas). Eles tendem a se construir dentro de movimentos de oposição, como entre as pessoas de cor ou em organizações anti-guerra. Compreendendo o poder potencial da classe trabalhadora organizada, eles desempenharão papéis importantes no renascimento do movimento sindical. Os burocratas sindicais pró-capitalistas frequentemente estarão prontos para se aliarem a eles, valorizando sua dedicação e atividade, embora sabendo que eles não são uma ameaça real para a burocracia (quando o dirigente sindical dos mineradores, John L. Lewis, foi criticado por empregar comunistas nos anos 30 para ajudá-lo a organizar os sindicatos de CIO, ele respondeu: “Quem pega o pássaro, o caçador ou o cachorro?”). Eles não têm uma resposta real para a crise do capitalismo mundial – nada além de ilusões no Estado. Mas eles podem ser obstáculos no caminho para uma solução radicalmente democrática para o perigo da humanidade.

O programa liberal / reformista não funcionará. No máximo, vai amenizar o sofrimento das pessoas, por um tempo. Mesmo isso é questionável, dada a moderação “bipartidária” dos democratas. Eles não irão reverter a decadência do meio ambiente. Eles continuarão as guerras de agressão dos EUA contra os países pobres; Obama fez campanha com a promessa de expandir a guerra no Afeganistão.

Como resultado, haverá desapontamento em massa e um aumento no descontentamento popular. Minorias significativas eventualmente se voltarão para o fascismo ou para a extrema esquerda – incluindo os anarquistas de luta de classes (anarco-comunistas).

 

REAÇÕES À CRISE: FASCISMO

Fascismo” é tipicamente usado como palavrão para políticas não apreciadas, como o aumento do autoritarismo no governo. Mas, com base na experiência da Itália fascista e da Alemanha nazista, significa algo específico. O Partido Republicano não é fascista, nem mesmo seus ideólogos “conservadores” (reacionários). Seus membros ainda confiam na democracia burguesa e no sistema de eleições (embora corrompido) e seu sistema bipartidário.

O fascismo começa como um movimento de massa que visa derrubar a democracia burguesa e acabar, para sempre, com eleições e partidos múltiplos. Seus membros costumam se considerar revolucionários. Eles usam uma retórica populista, até mesmo anticapitalista. Se a crise persistir por muito tempo, a classe capitalista pode decidir contratar os fascistas e colocá-los no poder. Um movimento fascista de muitos membros é capaz de ser muito mais repressivo do que um golpe militar ou um Estado policial. Uma vez no poder, os fascistas destroem a democracia burguesa, cancelam eleições, proíbem todos os partidos com exceção do seu (isso incluiria democratas e republicanos), executam políticas racistas (exterminando algumas minorias, como judeus, e escravizando outras, como os africanos-americanos), colocam sindicatos na ilegalidade, prendendo e assassinando seus líderes e até mesmo membros, preparam grandes guerras e, geralmente, estabelecem um Estado capitalista totalitário. Eles não iriam derrubar a classe capitalista, mas exigiriam uma redução dos lucros. Esta é a história do fascismo europeu nos anos trinta.

Atualmente, os fascistas tradicionais, como os nazistas norte-americanos ou a Ku Klux Klan, quase não têm influência, embora estejam por perto. Minha esposa fez campanha telefônica para Obama na Pensilvânia (compartilhamos certos valores, mas ela não é anarquista). Quase todos aqueles com quem ela conversou disseram que estavam votando em Obama. Mas uma mulher afirmou sem rodeios: “Eu sou KKK e não vou votar em nenhum p…”. Então, eles estão lá fora.

Em vez disso, vale a pena olhar para os elementos do fascismo que existem na direita. Ainda não é fascismo, mas pode se fundir em um movimento fascista americano genuíno sob as condições de recessão contínua. Muitos milhares de pessoas acreditam nas acusações feitas por políticos republicanos (que conhecemos bem) de que Obama e seu governo são antiamericanos, secretamente muçulmanos, socialistas, marxistas e / ou pró-terroristas. Desde a eleição, tem havido um aumento na compra de armas por homens brancos por temor de que Obama pretenda estabelecer uma ditadura marxista, com uma força armada especial leal apenas a ele, e tirar as armas das pessoas.

É mais ou menos publicamente inaceitável expressar racismo aberto, dirigido a alvos tradicionais como africanos-americanos ou judeus. Mas não tem problema expressar medo e ódio contra os imigrantes, principalmente latinos, árabes e muçulmanos. Isso é frequentemente expresso em termos populistas, como Lou Dobbs, que denuncia as grandes empresas trazendo latinos para sabotar os salários dos trabalhadores norte-americanos (o que tem um pouquinho de verdade – os capitalistas são a favor da “reforma da imigração” em prol de seus lucros , não para o bem dos imigrantes). Todo tipo de escândalo sexual é causado por causa de homossexuais que querem se casar ou adotar crianças e por mulheres que querem controlar sua reprodução (milhões de “bebês” são supostamente assassinados por abortos). Como é inaceitável atacar judeus, há delírios contra “humanistas seculares“, que supostamente estão travando uma “guerra ao Natal“. Alguns, como Terry Randall da Operação Resgate, contrária à legalização do aborto, defenderam abertamente um Estado teocrático, e outros, como Pat Robinson, chegaram muito perto disso (Teocracia não seria tão ruim, contanto que realmente fosse Deus quem estivesse governando, e não algum político mesquinho, e contanto que fosse minha ideia de Deus em vez de sua [piada]).

Se esses medos se combinassem, eles poderiam ser um movimento fascista (os nazistas e os KKK se uniriam). Defenderiam a derrubada da democracia capitalista, senão (realmente) do próprio capitalismo, em favor de uma ditadura cristã (em sua interpretação), anti-imigrante, anti-escolha, anti-gay e bélica.

 

REAÇÃO À CRISE: A EXTREMA ESQUERDA

No entanto, também podemos esperar uma nova radicalização. Muitos virão a rejeitar totalmente o capitalismo. O movimento incluirá estudantes do ensino médio e universitários, trabalhadores, mulheres e pessoas de cor. O movimento vai combinar as questões dos anos 60, como a anti-guerra, o anti-racismo, o anti-sexismo e a transformação cultural, com as questões dos anos 30, nomeadamente as reivindicações económicas, os movimentos sindicais e o antifascismo. Incluirá o crescimento de vários grupos socialistas estatais, como afirmei acima, mas também a expansão contínua das tendências anarquistas.

No momento, a esquerda radical (incluindo anarquistas, bem como socialistas de Estado, nessa expressão) é bastante marginal. Mesmo com o surgimento de uma radicalização em massa, ela permanecerá relativamente pequena. Mas em períodos de turbulência, pequenos agrupamentos de esquerda podem ter um impacto enorme e desproporcional ao seu tamanho. Basta apenas mencionar o papel dos abolicionistas (incluindo seus radicais “homens sem governo“) antes e durante a Guerra Civil dos Estados Unidos. Em meio a Grande Depressão, o Partido Comunista desempenhou um grande papel na construção dos sindicatos – e canalizou movimentos de esquerda para apoiar o New Deal Democrata. Durante os “anos 60” (de meados dos anos 50 a meados dos anos 70, período em que entrei), o movimento por Direitos Civis / Libertação Negra foi muito influenciado por extremistas minoritários, como pacifistas, ex-comunistas e nacionalistas negros. O movimento contra a guerra vietnamita foi liderado e organizado por comunistas, trotskistas, pacifistas radicais (que às vezes eram anarquistas), maoístas e vários outros grupos com poucos membros. Os radicais dos anos 60 cresceram devido às falhas e traições dos liberais estabelecidos nas igrejas, na política e nos sindicatos – o que não mudou.

Nossa hora também está chegando. Mas deve-se notar que já se passaram muitas décadas desde que os anarquistas – socialistas libertários – desempenharam qualquer papel significativo. Fomos repetidamente desorganizados e derrotados pelos marxistas-leninistas (muitas vezes pela repressão violenta). Desta vez (dada a forma como o comunismo estatal foi desacreditado pelo colapso da União Soviética e os eventos na China) o anarquismo reviveu. Mas desta vez as apostas são maiores. A crise ecológica-ambiental está pior do que nunca. Se uma nova depressão terminar em uma Terceira Guerra Mundial, haverá o risco de extermínio nuclear de toda a vida humana, bem como de nossos outros habitantes do planeta. É melhor não falharmos desta vez.

Será nosso trabalho combinar objetivos revolucionários declarados e abertos de liberdade e cooperação com a participação prática nas lutas comuns das pessoas. Devemos estar dispostos a trabalhar com quase qualquer pessoa, sem nunca esquecer quem somos. Nunca devemos mentir para os trabalhadores ou tentar enganá-los, mas devemos estar dispostos a trabalhar ao lado deles por objetivos em que acreditam. Devemos defender objetivos que não dependam do que os capitalistas podem dar, mas baseados em nosso programa do que as pessoas precisam ter.

Não devemos rifar nossa oposição aos políticos capitalistas e ao Estado capitalista, mas devemos estar dispostos a trabalhar com outros que (ainda) não concordam conosco, para ganhos limitados. Devemos buscar continuamente formas de nos unir às lutas populares, sem abrir mão de nossos princípios. Precisamos ser parte essencial da luta pela sindicalização, tentando tornar os sindicatos os mais democráticos e combativos possíveis. Em vez de eleições, defendemos a greve geral como método eficaz de luta. Devemos ser os campeões das verdadeiras liberdade e democracia, contra todas as outras tendências políticas. Precisamos estar ao lado das camadas mais oprimidas da população e aguardar sua liderança social, especialmente quando elas se sobrepõem à classe trabalhadora.

Exigimos da nova administração de Obama que não resgate os ricos, mas resgate os trabalhadores e os pobres, através uma moratória indefinida no pagamento de hipotecas, garantindo empregos para todos que possam trabalhar e renda para aqueles que não podem, com expansão ampla dos serviços públicos, incluindo a reorganização da tecnologia para acabar com a catástrofe ecológica. Os impostos deveriam ser aumentados sobre os empresários ricos (muito acima do que era antes dos cortes de impostos de Bush) e os impostos cortados drasticamente para todos os trabalhadores. Uma vez que os grandes capitalistas não podem dirigir a economia, eles deveriam ser expropriados e seus negócios assumidos por seus funcionários e comunidades. Enquanto isso, os EUA devem abandonar suas bases e exércitos no exterior e desmantelar seus mísseis e antimísseis nucleares. Devemos ser solidários com os oprimidos do mundo, sem dar qualquer apoio aos seus Estados opressores. Defendemos ajudar as nações pobres a se desenvolverem de acordo com sua própria cultura e padrões, de forma ecológica e democrática.

Isso é o que a nova administração faria se significasse o que diz ou, pelo menos, se significasse o que muitos trabalhadores acreditam que significa. Estas são propostas razoáveis ​​e viáveis. Na verdade, não serão realizadas por este governo, como sabemos, e devemos dizê-lo, expressando abertamente a nossa convicção de que é necessária uma revolução para levar a cabo este (ou qualquer outro) programa. Propomos demandas de classe a serem feitas pela classe trabalhadora como um todo contra a classe capitalista como um todo (representada por seu Estado).

Termino com uma citação de Leo Huberman e Paul Sweezy, não porque concorde minimamente com sua política geral, mas porque gosto desta declaração em particular: “O que deve ser realizado neste estágio da história dos Estados Unidos é transformar a consciência das pessoas em dois aspectos fundamentais: elas devem se convencer de que o sistema capitalista é podre e criminoso, e que um sistema melhor é concebível e possível” (Monthly Review, 6/68; p. 2). A história está trabalhando para fazer o primeiro, e devemos trabalhar para convencer as pessoas do segundo.

2008

 

Fonte: https://theanarchistlibrary.org/library/wayne-price-the-world-crisis-and-an-anarchist-response
Traduzido por: Arthur Castro