Murray Bookchin. “Por que Ecologia Social?”
Por que Ecologia Social?
Murray Bookchin
É hoje impossível considerar pouco importantes, marginais ou “burgueses” os problemas ecológicos. O aumento da temperatura do planeta em virtude do teor crescente de gás carbónico na atmosfera [1], a descoberta de enormes buracos na camada de ozônio – atribuíveis ao uso exagerado de clorofluorcarbonetos – que permitem a passagem das radiações ultravioletas – a poluição maciça dos oceanos, do ar, da água potável e dos alimentos, o extenso desmatamento causado pelas chuvas ácidas e pelo abate descontrolado, a disseminação de material radioativo ao longo de toda a cadeia alimentar… tudo isto conferiu à ecologia uma importância que não tinha no passado. A sociedade atual está danificando o planeta a níveis que superam a sua capacidade de autodepuração. Aproximamos-nos do momento em que a Terra não terá condições de manter a espécie humana nem as complexas formas de vida não-humana, que se desenvolveram ao longo de milhões de anos de evolução orgânica.
Face a este cenário catastrófico, há o risco, a julgar pelas tendências em curso na América do Norte e em alguns países da Europa Ocidental, de se tentar curar os sintomas em vez das causas e de pessoas ecologicamente engajadas procurarem soluções cosméticas em vez de respostas duradouras. O crescimento dos movimentos “Verdes” um pouco por todo o mundo – inclusive no Terceiro Mundo – testemunha a existência de novo impulso para combater corretamente o desastre ecológico. Mas toma-se cada vez mais evidente que se necessita bem mais do que de um “impulso”. Por importante que seja deter a construção de centrais nucleares, de auto-estradas, de grandes aglomerações urbanas ou reduzir a utilização de produtos químicos na agricultura e na indústria de alimentos, é necessário nos darmos conta de que as forças que conduzem a sociedade para a destruição planetária têm suas raízes na economia mercantil do “crescer ou morrer”, em um modo de produção que tem de expandir-se como sistema competitivo. O que está em causa não é uma simples questão de “moralidade”, de “psicologia” ou de “cobiça” . Neste mundo competitivo em que cada um se acha reduzido a ser comprador ou vendedor e em que cada empresa deve se expandir para sobreviver, o crescimento limitado é inevitável. Adquiriu a inexorabilidade de uma lei física, funcionando independentemente de intenções individuais, de propensões psicológicas ou de considerações éticas.
Hecatombes de quarenta milhões de bisões
Atribuir toda a culpa dos nossos problemas ecológicos à tecnologia ou à “mentalidade tecnológica” e ao crescimento demográfico (para citar dois dos argumentos que mais frequentemente emergem na mídia) é como castigar a porta que nos trancou ou a calçada em que caímos e nos machucamos. A tec- nologia – mesmo a má como os reatores nucleares – amplifica problemas existentes, não os cria. O crescimento populacional é um problema relativo, se efetivamente o é. Não é possível dizer com segurança quantas pessoas poderiam viver decen- temente no planeta sem produzir transtornos ecológicos. Os Estados Unidos, na última metade do século XIX , chacinaram quarenta milhões de bisões [2] , exterminaram espécies como o pombo migrador [3] , cujos bandos obscureciam o céu, destruíram vastas áreas de floresta original e entregaram à erosão ótima terra cultivável, de superfície comparável à de um grande país europeu… e todo este dano foi levado a cabo com uma população de menos de 100 milhões de habitantes e uma tecnologia atrasada, pelos padrões atuais. Em suma, havia outros fatores em jogo além da tecnologia e da pressão demográfica quando este drama se desenrolou. A praga que afligiu o continente americano era mais devastadora que uma praga de gafanhotos. Era uma ordem social que se deve chamar sem cerimónias pelo nome que tinha e tem: capitalismo, na sua versão privada no Ocidente e na sua forma burocrática no Oriente. Eufemismos como “sociedade tecnológica” ou “sociedade industrial”, termos muito difundidos na literatura ecológica contemporânea, tendem a mascarar com expressões metafóricas a brutal realidade de uma economia baseada na competição e não nas necessidades dos seres humanos e da vida não-humana. Assim, a tecnologia e a indústria são representadas como os protagonistas perversos deste drama, em vez do mercado e da ilimitada acumulação de capital, sistema de “crescimento” que por fim devorará toda a biosfera se para tanto se lhe consentir sobrevivência suficiente.
Sem Hierarquia e Sem Classes
Aos enormes problemas criados por esta ordem social de- vem juntar-se os criados por uma mentalidade que começou a desenvolver-se muito antes do nascimento do capitalismo e que este absorveu completamente. Refiro-me à mentalidade estrutu- rada em torno de hierarquia e da dominação, em que a domina- ção do homem pelo homem originou o conceito da dominação sobre a natureza como destino e necessidade da humanidade. É reconfortante que se haja insinuado no pensamento ecológico a ideia de que esta concepção do destino humano é perniciosa. Contudo, não se compreendeu claramente como surgiu, persiste e como pode ser eliminada esta concepção. E se se quer achar remédio para o cataclismo ecológico, deve-se procurar a origem da hierarquia e da dominação. O fato da hierarquia sob todas as formas – dominação do jovem pelo velho, da mulher pelo homem, do homem pelo homem na forma de subordinação de classe, de casta, de etnia ou de qualquer outra estratificação
da sociedade – não haver sido identificada como tendo âmbito mais amplo que a mera dominação de classe, tem sido uma das carências cruciais do pensamento radical. Nenhuma libertação será completa, nenhuma tentativa de criar harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza poderá ter êxito se não forem erradicadas todas as hierarquias e não ape- nas a de classe, todas as formas de dominação e não apenas a exploração económica.
Estas ideias constituem o núcleo essencial da minha concepção de ecologia social e do meu livro A Ecologia da Liberdade [4]. Sublinho cuidadosamente o uso que faço do termo “social”, quando me ocupo de questões ecológicas, para introduzir outro conceito fundamental: nenhum dos principais problemas ecológicos que hoje defrontamos se pode resolver sem profunda mutação social. Esta é uma ideia cujas implicações não foram ainda plenamente assimiladas pelo movimento ecológico. Levada às suas conclusões lógicas significa que se não pode transfor- mar a sociedade presente aos poucos, com pequenas alterações. Quando muito estas pequenas mudanças são entraves que apenas reduzem a velocidade louca a que se está destruindo a biosfera. Devemos certamente ganhar o máximo tempo possível nesta corrida contra o biocídio e fazer todo o possível para detê-la. Não obstante o biocídio prosseguirá, a menos que as pessoas se convençam da necessidade de uma mudança radical e de se organizarem para esse efeito. Deve-se aceitar a substituição da sociedade capitalista atual pelo que denomino “sociedade eco- lógica”, isto é, por uma sociedade que implique as mutações sociais indispensáveis para eliminar os abusos ecológicos.
É imprescindível refletir e debater profundamente sobre a natureza de tal “sociedade ecológica”. Algumas conclusões são quase óbvias. Uma sociedade ecológica deve ser não-hierárquica e sem classes, deve eliminar mesmo o conceito de dominação da natureza. A este propósito têm de se retomar os fundamen- tos do eco-anarquismo de Kropotkin [5] e dos grandes ideais iluministas da razão, liberdade e força mancipadora da educação, defendidos por Malatesta [6] e Berneri [7]. Melhor, os ideais humanistas que guiaram os pensadores anarquistas do passado devem ser recuperados na sua totalidade e transformados em um humanismo ecológico que encarne nova racionalidade, nova ciência e nova tecnologia.
O motivo pelo qual sublinhei os ideais iluministas libertários não é redutível aos meus gostos e predileções ideológicas. Trata-se realmente de ideais que não podem dispensar atenta consideração de qualquer indivíduo empenhado ecologicamente. Oferecem-se hoje, em todo o mundo, alternativas inquietantes ao movimento ecológico. Por um lado, vai-se difundindo, sobretudo na América do Norte, mas também na Europa, uma espécie de doença espiritual, uma atitude contra-iluminista que, em nome do “regresso à natureza”, evoca racionalismos atávicos, misticismos e religiosidade de índole “pagã”. Culto de “divindades femininas”, “tradições paleolíticas” (ou “neolíticas”, consoante os gostos), rituais “ecológicos” (espécie de ecologia vudu da administração Reagan [8] ) vão tomando forma deste e do outro lado do Atlântico em nome de uma nova “espiritualidade”. Este ressurgimento do primitivismo não é fenómeno inócuo: frequentemente está imbuído de um neomalthusianismo pérfido que se propõe, no essencial, deixar morrer de fome os pobres, vítimas principais da carestia do Terceiro Mundo, com a finalidade de “reduzir a população”. A Natureza, diz-se, deve ser deixada livre para “seguir o seu curso”. A fome e a
carestia não são causadas, diz-se, pelos negócios agrários, pelo saque levado a cabo pelas grandes empresas, pelas rivalidades imperialistas, pelas guerras civis nacionalistas, mas têm a sua origem na superpopulação. Deste modo, o problema económico é completamente esvaziado de conteúdo social e reduzido à interação mítica das forças naturais, frequentemente com forte carga racista de pendor fascistizante. Por outro lado, está em construção o mito tecnocrático segundo o qual a ciência e a engenharia resolveriam todos os males ecológicos. Como nas utopias de H. G. Wells [9] , procura-se fazer acreditar na necessidade de uma nova elite para planificar a solução da crise ecológica. Fantasias deste tipo estão implícitas na concepção da Terra como “espaçonave” (segundo a grotesca metáfora de Buckminister Fuller [10] ), que pode ser manipulada pela engenharia genética, nuclear, eletrônica e política (para dar um nome altissonante à burocracia). Fala-se da necessidade de maior centralização do Estado, desembocando na formação de “mega-Estados”, em paralelo arrepiante com as empresas multinacionais. E como a mitologia se tornou popular entre os ecomísticos, promotores de um primitivismo em versão ecológica, o sistema tecnoburocrático logrou grande popularidade entre os “ecotecnocratas”, criadores de um futurismo em versão ecológica. Nos dois casos o ideal libertário do iluminismo – valorização da liberdade, da educação, da autonomia individual – são negados pela pretensão de nos impelir sobre quatro patas para um “passado” obscuro, mistificado e sinistro, ou de nos catapultar como míssil para um “futuro” radioso, igualmente mistificante e sinistro.
O que é a natureza
A ecologia social, tal como a concebo, não é mensagem primitivista tecnocrática. Tenta definir o lugar da humanidade “na” natureza – posição singular, extraordinária – sem cair em um mundo de cavernícolas antitecnológicas, nem levantar vôo do planeta com fantasiosas espaçonaves e estações orbitais de ficção científica. A humanidade faz parte da natureza, embora difira profundamente da vida não-humana pela sua capacidade de pensar conceitualmente e de comunicar simbolicamente. A natureza, por sua vez, não é simplesmente cena panorâmica a olhar passivamente através da janela, é a evolução na sua tota- lidade, tal como o indivíduo é a sua própria biografia e não a simples adição de dados numéricos que exprimem o seu peso, altura, talvez “inteligência” e assim por diante. Os seres humanos não são unicamente uma entre muitas formas de vida, forma especializada para ocupar um dos muitos nichos ecológicos no mundo natural. São seres que, pelo menos potencialmente, podem tornar autoconsciente e, por conseguinte, autodirigida a evolução biótica. Com isto não quero dizer que a humanida- de chegue a ter conhecimento suficiente da complexidade do mundo natural para poder ser o timoneiro da sua evolução, dirigindo-a à sua vontade. As minhas reflexões sobre a espontaneidade sugerem prudência nas intervenções sobre o mundo natural e grande cautela nas modificações a empreender. Mas, como disse em Pensar Ecologicamente [11], o que verdadeiramente nos faz únicos é podermos intervir na natureza com um grau de autoconsciência e flexibilidade desconhecido nas outras espécies. Que a intervenção seja criadora ou destrutiva é problema que devemos enfrentar em toda a reflexão sobre a nossa interação com a natureza. Se as potencialidades humanas de autodireção consciente da natureza são enormes devemos contudo recordar que somos hoje ainda menos que humanos.
A nossa espécie é uma espécie dividida – dividida anta- gonisticamente por idade, caráter, classe, rendimento, etnia etc. – e não uma espécie unida. Falar de “humanidade” em termos zoológicos, como fazem atualmente tantos ecologistas – inclusive tratar as pessoas como espécie e não como seres sociais que vivem em complexas criações institucionais – é ingenuamente absurdo. Uma humanidade iluminada, reunida para se dar conta das suas plenas potencialidades em uma sociedade ecologicamente har- moniosa, é apenas uma esperança e não apenas uma realidade, um “dever ser” e não um “ser”. Enquanto não tivermos criado uma sociedade ecológica, a capacidade de nos matarmos uns aos outros e de devastar o planeta fará de nós – como efetivamente faz – uma espécie menos evoluída do que as outras. Não conseguir ver que atingir a humanidade plena é problema social que depende de mutações institucionais e culturais fundamentais é reduzir a ecologia radical à zoologia e tornar quimérica qualquer tentativa de realizar uma sociedade ecológica.
Vínculos comunitários
Como é possível conseguir as transformações sociais de grande alcance que preconizo? Não creio que possam vir do aparelho de Estado, quer dizer, em um sistema parlamentar de substituição de um partido por outro (por altamente ins- pirado que este último possa parecer durante o seu período heróico de formação). A minha experiência com o movimento verde alemão demonstrou-me (partindo do princípio que teria necessidade dessa demonstração) que o parlamentarismo é mo- ralmente nocivo no melhor dos casos e totalmente corrupto na pior das hipóteses. A representação dos Verdes no Bundestag [12] confirmou, nestes últimos tempos, os meus piores temores: a sua maioria “realista” é favorável à participação da Alemanha Ocidental na OTAN [13] e apoia uma forma de “ecocapitalismo” {contradição em termos) incompatível com qualquer abordagem ecológica radical.
Além disso, o parlamentarismo mina invariavelmente a participação popular na política, no significado que há muitos séculos é atribuído. Para os antigos atenienses, política significava a gestão da polis, isto é, da cidade, diretamente pelos cidadãos reunidos em assembleia e não através de burocratas ou de representantes eleitos. É verdade que somente os homens eram cidadãos e que, além das mulheres, estrangeiros e escravos eram igualmente excluídos. É ainda verdade que os cidadãos ricos dispunham de recursos materiais e gozavam de privilégios recusados aos cidadãos pobres. Mas é também verdade que a antiga cidade mediterrânea não havia ainda alcançado, há dois mil e tantos anos, o seu pleno desenvolvimento, a “sua verdade” como diria Hegel [14]. A liberdade do cidadão para participar na vida política não dependia da tecnologia mas do trabalho: dos escravos, das mulheres e do seu próprio. Aristóteles [15] não via qualquer dificuldade em admitir que quando os teares tecessem sozinhos os gregos não necessitariam de escravos, nem – acres- cento eu – de explorar o trabalho alheio para dispor de tempo livre para si mesmos. Hoje as máquinas fazem o que Aristóteles dizia e muito mais. Podemos finalmente fruir o tempo livre necessário para nos desenvolvermos e participar amplamente na vida pública sem precisarmos pôr em perigo o mundo natural nem explorar o trabalho alheio. A ecologia radical não pode ser indiferente às relações sociais e económicas. O delicado equilíbrio entre o uso da tecnologia com fins libertadores e o seu uso com fins destrutivos para o planeta é matéria de apreciação social, mas tal apreciação é grandemente ofuscada quando ecologias sui generis denunciam a tecnologia como mal irrecuperável ou a exaltam como virtude indiscutível. Curiosamente, místicos e tecnocratas têm importante característica em comum: nem uns nem outros examinam a fundo os problemas nem seguem a lógica para além das premissas mais elementares e simplistas.
Uma nova política deveria, quanto a mim, implicar a criação de uma esfera pública “de base” extremamente participativa, ao nível da cidade, do campo, das aldeias e bairros. Decerto o capitalismo provocou destruição tanto dos vínculos comunitários como do mundo natural. Em ambos os casos encontramo-nos face à simplificação das relações humanas e não-humanas, à sua redução a formas interativas e comunitárias elementares. Mas onde existam ainda laços comunitários e onde – mesmo nas grandes cidades – possam nascer interesses comuns, esses devem ser cultivados e desenvolvidos. Estudei este tipo de política comunal (repito: entendo política no sentido helénico, não no seu significado atual que denomino “estatalidade”) no meu livro O Progresso da Urbanização e o Declínio da Cidadania [16]. Por difícil que pareça, na Europa (e em menor grau, creio, nos Estados Unidos) acredito na possibilidade de uma confederação de municípios livres como contrapoder de base à centralização crescente do poder por parte do Estado-nação. Quero fazer notar que, neste campo, a política ecológica é em muitos casos não apenas possível mas também coerente com a ecologia concebida como estudo da comunidade, quer humana quer não-humana. Uma sociedade ecológica pressupõe formas participativas de base, comunitárias, que tal política se propõe realizar no futuro. A ecologia não é nada se não ocupar-se do modo como interatuam as formas de vida para construir e se desenvolverem como comunidades.
A Batalha, Lisboa, ano 15, n° 126, outubro-dezembro de 1989
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[1] O que veio a ser conhecido como “aquecimento global”. (N do R.)
[2] O bisão-americano (Bison bison) é um grande mamífero ungulado e ruminante (erroneamente chamado de “búfalo”, um bovino da mesma família, nativo da África e Ásia), que viveu em grandes manadas nas planícies centrais da América do Norate. Quando os europeus iniciaram a colonização da América do Norte, seu número alcançava mais de 40 milhões de cabeças. Entre 1870 e 1880, foram exterminados aos milhares por caçadores profissionais (como o tristemente famoso William Cody, “Buffalo Bill”) ,sob o pretexto de que perturbavam a passagem dos trens nas ferrovias que então estavam sendo construídas através dos Estados Unidos mas, sobretudo, para privar de comida os índios das planícies (que, literalmente, foram exterminados junto com o bisão). Em 1902, restavam apenas 25 indivíduos, confinados no Parque Nacional de Yellowstone. A partir de 1905, iniciou-se um programa de recuperação da espécie, que passou a ser protegida. Hoje, alguns milhares de indivíduos sobrevivem apenas em algumas reservas, nos Estados Unidos e no Canadá. Nenhum “programa de recuperação” foi, contudo, promovido para os povos indígenas. (N. do R.)
[3] O pombo-migrador (Ectopistes migratorius) viveu no leste da América do Norte, onde formava colónias imensas, que podiam atingir quase dois quilómetros de largura e 500 quilómetros de comprimento. Por volta de 1810, sua população ultrapassava cinco bilhões de indivíduos, o que fez deles possivelmente a ave mais abundante do planeta. Foram tão intensamente caçados pelos colonizadores brancos (sobretudo para serem comercializados como comida barata para os escravos) que desapareceram da natureza em 1909. O último exemplar (uma fêmea) morreu em 1914, no jardim zoológico de Cincinnati (EUA). Destino semelhante quase teve, na região Nordeste do Brasil, a pomba-de-arribaçáo ou avoante (Zenaida auriculata). (N. do R.)
[4] The Ecology of Freedom: The Emergency and Dissolution of Hierarchy (Palo Alto: Cheshire Books, 1982). (N. do R.)
[5] Pyotr Alexeyevich Kropotkin (1842-1921), geógrafo, zoólogo e célebre anarquista russo, cuja descendência da nobreza czarista o tornou conhecido como “O Príncipe Anarquista” (título que rejeitou por toda a vida). Realmente, Kropotkin pode ser considerado o primeiro “eco-anarquista”, pois em sua obra clássica Ajuda Mútua (publicada em Londres em 1902), apresenta numerosos exemplos de cooperação em comunidades animais e humanas, oriundas de suas próprias observações efetuadas durante expedições científicas à Sibéria. (N. do R.)
[6] Errico Malatesta (1853-1932), anarquista teórico e ativista italiano, um dos grandes nomes do anarquismo clássico dos séculos XIX e XX . (N. do R.)
[7] Camilo Berneri (1897-1937), professor de Filosofia c anarquista italiano. Foi assassinado em Barcelona pela milícia marxista-leninista a serviço de Stalin, por ocasião da Guerra Civil Espanhola.(N. do R.)
[8] Ronald Wilson Reagan (1911-2004), quadragésimo presidente dos EUA, assumiu dois mandatos entre 1981 e 1989. Aumentou maciçamente os gastos militares, interveio no Líbano, invadiu Granada e bombardeou a Líbia, ao mesmo tempo que cortou verbas públicas para a saúde, educação e proteção ambiental. Deixou o governo com os maiores índices de aprovação popular de um presidente americano no século XX . (N. do R.)
[9] Herbert George Wells (1866-1946), escritor britânico, mais conhecido por suas obras A Guerra dos Mundos e A Máquina do Tempo e considerado um dos criadores da moderna literatura de ficçáo-científica (juntamente co
m o francês Jules Verne). Contudo, muitas de suas obras são, de fato, bastante distópicas e imbuídas de um
profundo pessimismo e m relação aos impactos sociais e psicológicos da ciência e da tecnologia (em particular A Ilha do Doutor Moreau e O Homem Invisível). (N. do R.)
[10] Buckminster Fuller (1895-1983), arquiteto, projetista, inventor, escritor e futurista norte-americano, que ficou mais conhecido pela invenção do domo geodésico e pela popularização do conceito de “Espaçonave Terra” (que na realidade foi criado, quase simultaneamente, pelos economistas Kenneth Boulding e Barbara Ward). (N. do R.)
[11] “Thinking Ecologically”, publicado em Our Generarion, volume 18, número 2 (primavera-verão de 1987). (N. do R.)
[12] Parlamento da República Federal da Alemanha, estabelecido em 1949 para suceder o Reichstag. (N. do R.)
[13] Organização do Tratado do Atlântico Norte, também conhecida como Aliança Atlântica, é uma organização internacional de colaboração militar entre os Estados Unidos, Canadá e países da Europa, criada em 1949 no contexto da Guerra Fria entre o Ocidente e a antiga União Soviética e seus países satélites. A OTAN inclui hoje vários países europeus que no passado pertenceram ao bloco soviético (N. do R.)
[14] Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), filósofo alemão cuja obra representou o auge do Idealismo no século XI X e influenciou grandemente o materialismo histórico de Marx. (N. do R.)
[15] Célebre filósofo grego que viveu entre 384 e 322 a.C, discípulo de Platão e criador do pensamento lógico. Considerado um dos maiores pensadores ocidentais de lodos os tempos. (N. do R.)
[16] The Rise of Urbanization and the Decline of Citizenship. (San Francisco: Sierra Club Books, 1987). (N. do R.)