Acción Directa. “A Tarefa dos Anarquistas”
Acción Directa. “A Tarefa dos Anarquistas”
A TAREFA DOS ANARQUISTAS
Nós anarquistas revolucionários enfrentamos uma sociedade organizada com base em elites de poder e estrutura de classes, através dos estados modernos e dos trustes internacionais. Sabemos além disso que essas formas de dominação e de exploração, permanentemente aperfeiçoadas, podem sempre ser destruídas como ocorreu na Rússia em 1917, na China em 1948 e em Cuba em 1959. Mas estamos convencidos também que para uma revolução social ser possível deve ocorrer de baixo para cima e para que não se desvirtue torna-se fundamental uma atitude antiautoritária à partir das bases. O caminho então é chegar ao povo através da defesa de suas naturais linhas antiautoritárias e revolucionárias, que -como é lógico – às vezes podem manifestar-se entremeadas com formas absolutamente retardatárias e negativas.
Contudo a distinção de linhas populares com perspectivas revolucionárias não é difícil. A abolição total da propriedade privada e de todo o tipo de privilégio social, abolição indispensável para garantir a organização antiautoritária e descentralizada do poder, exige determinados caminhos.
Não há revolução com aliança de classes nem com participação da burguesia como força organizada. Nem tampouco pode havê-la com a instauração de uma mecânica verticalista para a tomada de decisões, qualquer que seja a etapa da luta. E com base nesses conceitos pode se trabalhar no seio de um povo insatisfeito em prol de uma sublevação orientada. Mas isso deve se dar através do esclarecimento cotidiano, permanente, diante cada novo acontecimento, diante cada fato social, que a realidade brinda em forma constante.
Uma organização que leva a cabo esse esclarecimento e que organize a luta pela revolução é então inevitável. Aqui em nosso país terá às suas custas a tarefa de começar a propaganda pela palavra e pelos fatos como a de fortalecer seus próprios quadros para ações diretas até o estourar insurrecional. Participando sempre por dentro dos processos populares, consubstanciado com eles, poderá ganhar o direito de influir nos resultados e nos processos ulteriores. Ao longo da luta organizada o povo faz escola de luta e aprendizagem para uma nova vida social. Isso permitirá propugnar com eficácia do estabelecimento da ação e a democracia direta, a discussão e a participação de todas as bases, sem exceções, no poder social distribuído. E lhe permitirá instrumentar a produção e a distribuição paralelamente a derrubada do poder burguês, aprofundando por sua vez a capacidade de viver em revolução.
É claro que nesse processo de extensão revolucionária terão que se preparar núcleos armados que respaldem a transformação de acordo com o poder repressivo das forças reacionárias. Pois sim a sociedade atual que é essencialmente violenta resistirá pela violência contra toda tentativa de transformação revolucionária, mais ainda quando esta implica em sua destruição. E essa organização para luta deverá se efetuar entendendo que em definitivo a guerra será do povo em armas e não de um exército dirigido por um partido.
Propaganda escrita e pelo fato, criação de organizações revolucionárias em todos os níveis, e apoio da luta armada nas etapas críticas, constituirão – em termos gerais – a forma de produzir a revolução popular antiautoritária dos anarquistas. Revolução que não será o simples fato da derrubada do poder, mas sim que consistirá num processo de destruição e construção com avanços, retrocessos, erros, provas, lutas internas manifestadas no seu acionar cotidiano, ou seja, conseguir a revolução permanente.
Fonte: Jornal Acción Directa, Buenos Aires, n. 01, 01/10/1973.
Tradução: ITHA.